Empresas estão prontas para a mudança sustentável?

A União Europeia tem vindo a traçar um caminho para atingir a sustentabilidade, sendo que em dezembro de 2019 a Comissão Europeia assumiu o objetivo de a Europa tornar-se neutra em carbono até 2050. Esta marca foi assinalada como o “Pacto Ecológico Europeu” também chamado de “Green New Deal”, e engloba também as empresas.

Os obstáculos para atingir este objetivo são imensos, daí a grande amplitude temporal. No entanto, a guerra na Ucrânia, que levou a graves sanções à Rússia, veio impulsionar a procura por bens que não utilizem combustíveis fósseis. Por exemplo, há uma procura crescente por automóveis elétricos, que não dependem das oscilações do preço dos combustíveis.

Não obstante, as empresas assumem um papel preponderante no caminho para a sustentabilidade. Tendo por base um exemplo prático tem-se que os hipermercados aboliram a utilização de sacos plásticos nos checkouts e em alternativa os consumidores compram sacos reutilizáveis, o que leva a uma grande diminuição da utilização do plástico.

No que toca ao investimento tem-se também uma nova vertente de green bonds, ou obrigações verdes, bem como uma série de indicadores que facilitam o financiamento às empresas que seguem estes parâmetros de sustentabilidade.

Contudo, a realidade empresarial portuguesa é diferente do resto da Europa. Cerca de 99% do tecido empresarial português é constituído por microempresas, pelo que se trata, na sua maioria, de negócios familiares, com poucos recursos e sem uma visão e objetivos definidos. Além disso, muitas destas entidades não têm contabilidade organizada, pelo que levar metas de sustentabilidade a este tipo de entidades revela-se um verdadeiro desafio. Assim, cabe às entidades governamentais apoiar estes sujeitos.

Um estudo levado a cabo pela consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) revelou que 36% das empresas nacionais (60% a nível europeu) não estão familiarizadas com o Pacto Ecológico Europeu e 57% (22% a nível europeu) indica não estarem preparadas para a implementação deste Pacto Ecológico.

No que toca à falta de preparação para a mudança sustentável, o mesmo estudo evidencia que 43% das empresas (38% na Europa) não têm conhecimento deste Pacto nem tão pouco das implicações que terá no seu negócio. Na mesma linha de pensamento, 36% das empresas (38% no domínio europeu) demonstra falta de apoio e competência organizacional para a realização desta alteração ambiental.

A consultora aponta ainda que o maior desafio para as empresas será o pagamento de taxas carbónicas para certos bens importados, o que faz com que o preço das matérias-primas aumente e, consequentemente, aumente o preço final para os consumidores. A PwC acredita que surgirão novos mecanismos fiscais com o intuito de incentivar ações sustentáveis, bem como financiar os custos desta transição.

Assim sendo, Portugal, bem como os restantes países da Europa, ainda têm um longo percurso até assumirem a neutralidade carbónica.

Autora: Márcia Soares

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