O que é o financiamento sustentável?

O tema das alterações climáticas já é motivo de preocupação há bastante tempo. No entanto, nos últimos meses tem-se vindo a sentir essas mudanças, como é o caso da seca que está a afetar Portugal e o descongelar cada vez mais rápido dos glaciares.

António Guterres, secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), referiu que a forma como enfrentamos os desafios climáticos é crucial para o futuro e o destino da humanidade.

Neste seguimento, a ideia de um financiamento sustentável coloca-se em cima da mesa e aí surgem as green bonds ou blue bonds.

Torna-se mais fácil para as empresas obter financiamento quando têm uma preocupação ambiental e utilizam os fundos para ir de encontro à sustentabilidade.

Porém, torna-se difícil perceber quais as empresas que têm ou não ações sustentáveis, pelo que as entidades que disponibilizam um report de sustentabilidade são mais facilmente financiadas. Além disso, já há legislação que obriga as empresas a apresentarem relatórios de sustentabilidade como é o caso do Decreto-Lei n.º 89/2017.

Não obstante, existem sistemas de classificação das atividades verdes, sendo eles a Taxonomia e a Global Reporting Initiative (GRI). A GRI tem em conta indicadores económicos (GRI 200) e indicadores ambientais (GRI 300).

Para a União Europeia uma atividade que seja verde/sustentável tem obrigatoriamente de contribuir para um dos seis objetivos, a saber: alterações climáticas, estratégia, reporting, verificação independente, gestão de desempenho e cadeia de fornecimento local.

Desde 2015 que a Europa está focada na sustentabilidade do planeta. Nesse mesmo ano foram criados 17 objetivos pela ONU com a finalidade de, até 2030, as empresas alterarem os seus comportamentos e percecionarem os riscos, bem como as oportunidades associadas a esta temática. Além disso, foi assinado o Acordo de Paris que visa a intensificação das ações e dos investimentos necessários para o combate às alterações climáticas.

Em 2018, constituiu-se um plano de ação para o financiamento sustentável da Comissão Europeia, com vista à integração da sustentabilidade do setor financeiro, bem como o European Green Deal (ou Pacto Ecológico Europeu), ou seja, uma estratégia de crescimento com vista a que a UE tenha uma economia digital, descarbonizada e eficiente em termos de recursos. Notar que a pandemia da Covid-19 ajudou em larga escala a transformação para uma economia digital.

Em 2020, realizou-se um plano de ação da UE para a economia circular, em que o objetivo era aumentar o tempo de vida útil dos produtos.

A Taxonomia surge então em 2021 e, como referido supra, é um sistema de classificação para atividades económicas que podem ser consideradas sustentáveis do ponto de vista ambiental.

A União Europeia tem um plano de ação para o financiamento sustentável que passa por:

  • Reorientar os fluxos de capital para investimento sustentável, a fim de garantir um crescimento sustentável e inclusivo;
  • Gerir os riscos financeiros das alterações climáticas, esgotamento de recursos, degradação ambiental e problemas sociais;
  • Promover a transparência e a visão de longo prazo nas atividades económicas e financeiras

De realçar ainda que a sustentabilidade alterou a procura por produtos ESG (Environmental, Social and Governance), isto é, produtos elaborados tendo por base a preocupação ambiental, social e governação. Estes ativos são também mais resilientes.

Posto isto, o financiamento verde é crucial para o combate às alterações climáticas. A lógica do financiamento sustentável com foco no impacto tem por base a transformação do investimento tradicional, ou seja, focado apenas no retorno financeiro, para um investimento filantrópico, focado apenas no retorno para a sociedade.

Autora: Márcia Soares

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