Desde sempre, o empreendedorismo e a vontade de lançar um negócio próprio esteve enraizada nos objetivos de algumas pessoas e das mentes dessas pessoas surgiram os grandes negócios e grandes empresas que conheces e fazem parte do teu dia a dia. E tu? Fazes parte deste grupo de pessoas? Já pensaste em começar o teu próprio negócio? Se a tua resposta a esta questão é “sim” então este artigo tem como objetivo dar-te algumas luzes e ideias para começares a orientar o teu projeto e, quem sabe, levares o mesmo até ao sucesso.
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Antes de mais, um pequeno aparte. O seres empreendedor não quer dizer que tenhas de começar um negócio próprio. Podes empreender na tua própria empresa ou organização onde trabalhas e isso não é, de forma nenhuma, menos valioso. Basta ir ao dicionário e ver que “empreender” significa:
1. decidir realizar algo (obra, negócio, tarefa, etc.) difícil ou perigoso; intentar
2. dar início a; pôr em execução; levar a cabo
No entanto, para este artigo vamo-nos focar na criação do teu próprio projeto.
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Começar o teu próprio negócio pode parecer um bicho de sete cabeças mas, na verdade, dar os primeiros passos depende apenas de responderes a uma sequência de questões.
O primeiro grupo de questões vai-te mostrar se realmente queres (ou deves) começar o teu próprio negócio, e essas questões são:
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Porque queres fazê-lo?
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Como queres fazê-lo?
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O que vais fazer?
Esta forma de pensar é apresentada como “Golden Circle” do Simon Sinek e podes ver mais detalhes aqui: Como os grandes líderes inspiram à nação. Se pensares, isto parece estar meio invertido do pensamento tradicional em que se começa com “o que quero fazer”. O objetivo deste modelo é realmente inverter esse pensamento e focar no “porquê”. Qual é o teu objetivo com o negócio? Porque é que isto é importante para ti? Que impacto queres fazer no mundo? Se tiveres isso bem definido, torna-se a tua missão e tudo o resto vem a partir daí.
Depois começamos a entrar em perguntas mais detalhadas sobre o teu negócio e aí deves colocar as seguintes questões:
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Que serviço vou prestar ou que bem vou vender?
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Quanto vou cobrar pelo meu bem ou serviço?
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De que forma os clientes me vão pagar?
Vamos começar pelo início: o definir qual vai ser o teu negócio e para isto deves responder a três outras questões:
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O que sei fazer?
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O que gosto de fazer?
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O que precisam as pessoas?
Abre um documento no computador ou agarra numa folha de papel e coloca estas três questões e começa a respondê-las. Pode (e, quase de certeza, vai) demorar algum tempo mas irás, muito provavelmente, encontrar respostas idênticas às três questões e tens aí a tua ideia de negócio. Se estás a começar um negócio teu, por favor, escolhe algo que gostes, acima de tudo já que isso te vai dar sempre o alento e a motivação para continuares quando as coisas ficarem difíceis. Se não gostares, se não fores apaixonado por aquilo que vais fazer, então o projeto está condenado à nascença. A resposta a estas três perguntas vai-te dar a resposta à questão “Que serviço vou prestar ou que bem vou vender?”
Agora que já tens a ideia, se o que queres montar é realmente um negócio, então precisas ser pago por isso. Aqui, para te ajudar a definir um valor deves perguntar-te as seguintes questões:
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Quanto vale uma hora do meu tempo?
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Que custos vou ter?
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Quais os preços praticados pela minha concorrência?
Deves ter particular atenção à última questão visto que a resposta e interpretação pode ser muito subjetiva. Quando analisares projetos ou empresas que façam algo semelhante ao que queres fazer, tem atenção à dimensão desse concorrente. Se for algo já com histórico, muito estabelecido e reconhecido no mercado, naturalmente, que irá praticar valores mais altos.
Se encontrares concorrentes mais pequenos e recentes e que, por isso, são naturalmente mais próximos da tua situação, então não tenhas medo em comprar os seus produtos ou serviços para depois comparares o valor que foi cobrado e daí perceber a relação preço/valor. Lembra-te que preço é o que pagas, valor é o que recebes. Com toda essa informação podes então definir o teu preço inicial.
Se achas que vais começar a vender desde o primeiro dia, desengana-te já que, muito provavelmente, isso não vai acontecer, a menos que o teu produto ou serviço seja algo completamente disruptivo. Tem paciência, mantém-te persistente e confia no processo. Os resultados monetários podem tardar mas aparecem.
Relativamente às duas primeiras questões deste grupo, a resposta já é mais objetiva e calculável. Para o valor da tua hora podes usar o teu emprego atual como referência. Se ganhas 1.000€ e trabalhas 8 horas por dia, 22 dias por mês, então o teu valor hora é de 5,70€ e esta pode ser a tua base. Se estás disposto a trabalhar para outros por 5,70€/hora, então deves estar disposto a aceitar o mesmo para trabalhar para ti próprio, certo?
A parte dos custos é altamente variável de acordo com o teu negócio. Deves fazer uma investigação e tentar estimar quanto dinheiro precisas para começar, sendo que se venderes serviços até podes começar com zero euros. Ter um blog e uma página de Instagram é completamente gratuito e uma forma de começar.
A terceira questão é “De que forma os clientes me vão pagar?”. Por vezes, esta questão fica esquecida e depois quando aparece o primeiro cliente a querer comprar, ficas sem resposta para lhe dar. Pensa antecipadamente nisto e responde a estas questões:
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Qual a forma mais cómoda para o cliente pagar?
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Qual a forma mais rápida de eu receber?
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Como consigo evitar taxas e comissões?
Num mundo cada vez mais digital e online, é importante disponibilizares formas de pagamento que sigam esta lógica e não fiques apenas dependente da tradicional transferência bancária. Mesmo que aceites pagamento por transferência (que continuam a fazer sentido, claro) tens de definir qual a conta. Usas a tua pessoal e juntas tudo no mesmo bolo? Abres uma nova conta para receber especificamente este dinheiro? Pensa em tudo isso e decide a melhor forma para ti
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E aqui tens o resumo dos passos a tomar para lançares o teu negócio. Agora é aplicar. Garanto-te que não vai ser fácil. Vais ter de dedicar muitas horas a isto. O próprio Gary Vaynerchuck, um dos maiores gurus (dos a sério) do Marketing explicou várias vezes que numa fase inicial dedicava várias horas diárias, ele próprio, a responder a todas as mensagens que recebia e a interagir com a comunidade e ecosistema onde se inseria. Hoje tem qualquer coisa como 9 milhões de seguidores no Instagram, um património líquido estimado em 160 milhões de dólares e a sua empresa VaynerMedia tem vendas anuais de 130 milhões de dólares.
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Co-fundador MeuCapital | Educador e Mentor Financeiro
Sérgio Rodrigues nasceu em 1987 em Lisboa e atualmente reside no Porto. A sua formação académica e experiência profissional estão ligadas à gestão, contando já com 15 anos neste ramo. É um apaixonado por finanças pessoais e neste momento é Educador e Mentor Financeiro.