A guerra operada pelo presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia criou na Europa uma necessidade de mudar rapidamente o seu principal fornecedor de energia, evitando estar a financiar, diariamente, crimes de guerra.
Antes do início da guerra em fevereiro de 2022, a Rússia fornecia cerca de um terço do gás natural da Europa. A região europeia era também o destino de quase metade das exportações de produtos petrolíferos da Rússia, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA).
Putin viu isto como um ambiente propício ao início da sua operação. Sim, o Ocidente poderia revoltar-se sobre a sua invasão, pensou ele, mas a sua sede de energia iria suplantar quaisquer esforços para ajudar a Ucrânia de formas significativas. Putin lançou assim uma jogada que iria mergulhar a Europa num inverno frio e escuro e numa profunda recessão.
O presidente Russo estava errado. A ajuda militar foi fornecida em larga escala para a Ucrânia e a Europa emergiu de um inverno desafiador sem recessão (claro que se verificou um desacelaramento económico, mas não houve um decréscimo no PIB Europeu durante dois trimestres consecutivos).
Os dados que Putin não antecipou
A economia da Zona Euro expandiu-se 1,8% em relação ao ano anterior no último trimestre de 2022, segundo a Trading Economics, citando dados do Eurostat. No ano de 2022, o PIB da Zona Euro expandiu-se 3,5%.
A Capital Economics, uma empresa de consultoria com sede em Londres, diz que o custo líquido do gás natural, em relação ao PIB, cairá em mais de metade na Alemanha, França, Itália e outros grandes países europeus.
Um inverno mais quente do que o esperado ajudou a reduzir a procura de energia da Europa. A consultora observa que as poupanças do gás natural representam cerca de 3,5% do PIB da Itália, e cerca de 2% para a Alemanha, Espanha e Portugal.
Para já, a Europa não só está a sobreviver à guerra energética contra a Rússia – está a ganhá-la.
João Vigário, 21 anos, natural de Lisboa. Licenciado em Gestão e Administração de Empresas na Católica Lisbon of Business and Economics. Apaixonado pela área das finanças, investimentos e análise de empresas. O seu primeiro passo para continuar a incentivar este gosto foi a junção à MeuCapital, onde já escreveu mais de 50 artigos.
