5 Estratégias de Investimento

Não é fácil determinar uma estratégia de investimento. Quanto, quando e onde investir são questões muito recorrentes e cuja resposta não é linear. Neste artigo iremos cobrir apenas as 5 estratégias mais populares de investimento nos mercados financeiros.

Uma estratégia de investimento corresponde ao conjunto de princípios usados para ajudar um investidor a atingir os seus objetivos financeiros. Este plano é baseado no montante que queremos investir, no horizonte de aplicação, no grau de tolerância ao risco do investidor e necessidades futuras do mesmo. 

Ao escolher uma estratégia de investimento, não é necessário ficar-se vinculado a esta caso os níveis de risco e retorno não sejam aqueles que esperávamos. Mudar a estratégia é sempre uma opção, tornando-as flexíveis. No entanto, algumas estratégias têm a desvantagem de que se podem tornar bastante caras devido à constante compra e venda de ativos financeiros, o que leva a bastantes fees.

Estratégia de valor (Value Strategy)

Esta estratégia passa por comprar um ativo que esteja subvalorizado, e depois vendê-lo quando estiver corretamente valorizado ou sobre-valorizado. Os lucros são então dados pela mais-valia na compra e venda.

Um exemplo disto será o de Warren Buffet, que em 2011 investiu 5 mil milhões de dólares em ações preferenciais do Banco da América (quando mais ninguém as queria comprar, pois tinham descido cerca de 45%). Buffet manteve a posse destes instrumentos até 2017, quando os vendeu por 17 mil milhões, levando a um lucro de 240%.

Esta estratégia nem sempre é levada a cabo pela maioria dos investidores, porque é comum  desistirem das suas posições saindo dos mercados cedo demais. Para aplicar esta estratégia é necessário ser paciente, não agir por impulso e não sair e entrar no mercado constantemente. Na verdade, Warren Buffet que usa muito esta estratégia, quando questionado por Jeff Bezos (fundador da Amazon) sobre o porquê de as pessoas simplesmente não copiarem o mesmo método de investimento de Buffet, sabendo que este se tratava do segundo homem mais rico do mundo, este respondeu que era porque “ninguém quer ficar rico devagar”. 

Para levar a cabo esta estratégia é necessário analisar e avaliar os ativos (ou seja, determinar qual é o seu verdadeiro preço) para determinar se estes estão sub ou sobrevalorizados comparado com o preço de mercado. Uma maneira muito rápida de o saber é através do P/E ratio. Quando o valor deste indicador é baixo, significa que o  investidor está a pagar pouco por 1 USD de resultados, e que o ativo está subvalorizado. Outro indicador que também se pode usar é o rácio Price-to-Book. Quanto mais baixo for o valor,  maior é a probabilidade de o ativo estar sub-valorizado, já que este indica quanto da capitalização da empresa dada pelo mercado (nº de ações x preço por ação) corresponde ao valor contabilístico do capital. O mesmo acontece quanto maior o dividend yield, uma vez que este rácio indica a percentagem dos dividendos distribuídos face ao preço da ação. No entanto, não é boa ideia usar apenas estes rácios.

Investimento por crescimento (Growth Strategy)

Esta estratégia baseia-se em investir em empresas que apresentam um grande crescimento histórico superior à média, e que poderão continuar a ter essa performance excecional no futuro. Este grande crescimento pode ser potenciado seja pela introdução de produtos promissores, ou simplesmente porque apresentam vantagem competitiva em relação aos seus peers. De certa forma, passa por descobrir qual é a “best next thing”. Por exemplo, quem investiu na Bitcoin em 2010, caso venda os seus investimentos em 2021 terá imensos lucros

Importa ter em conta que, por ser um ativo financeiro com um maior crescimento, tem também um maior risco. Isto pode em parte ser explicado pelo facto de que um crescimento rápido e de tal forma excecional é algo que pode nem sempre ser realizado ou sustentado. E de facto, verifica-se que neste tipo de instrumentos financeiros, quando os mercados financeiros estão numa fase de expansão, têm a tendência a crescerem e terem uma performance superior ao mercado, sendo que o contrário acontece quando os mercados financeiros estão em fase de recessão.

Apesar deste maior risco, growth strategies têm normalmente um menor retorno que value strategies. Isto advém do facto que ações growth, sendo associados a empresas do setor tecnológico, startups, ou mesmo e-commerce, torna a sua avaliação no mercado mais difícil, pelo que é comum a sobrevalorização das mesmas. 

Tal como a estratégia anterior (value strategy), é necessário adotar uma posição longa e não sair do mercado constantemente. Isto é especialmente difícil nesta estratégia de investimento, uma vez que o investidor não terá muitos dividendos durante bastante tempo. 

Normalmente esta estratégia implica investir quando a empresa ainda está no seu início, e uma empresa que está em fase de expansão tende a preferir investir os seus lucros retidos em novos projetos e em projetos de expansão, deixando em segundo plano o pagamento de dividendos. 

Apesar das suas diferenças, as duas últimas estratégias são frequentemente usadas em conjunto. Isto porque o crescimento (growth) é sempre uma componente no cálculo do valor (value), constituindo uma variável cuja importância pode variar de desprezível a enorme, e cujo impacto pode ser tanto negativo quando positivo.

Investimento por momentum (Momentum Investing)

Primeiro é importante definir o que é o efeito momentum. De maneira sucinta é o que acontece quando os preços dos mercados financeiros continuam a subir quando estão a subir, e a descer quando estão a descer. 

Assim, o racional desta estratégia é que a trend dos preços irá continuar, ou seja, os preços continuarão a subir ou a descer. Assim, investidores compram a um preço com a ideia de que poderão vender mais caro, caso a tendência seja a de os preços subirem. E no caso de descerem, fazer short-selling. Deste modo, em vez de avaliar empresas e securities, os investidores que usam esta estratégia focam-se em perceber e encontrar trends nos mercados financeiros.

Infelizmente, esta estratégia nem sempre tem os melhores retornos. Na verdade, Mutual Funds que usam esta estratégia, raramente surpassam outros que recorrem a outras estratégias de investimento, em muito devido aos custos de transação. No entanto, um estudo de 2015 concluiu que uma estratégia de momentum pode na verdade ter resultados positivos, mesmo tendo em consideração os custos de transação. Em compensação, ao contrário das duas estratégias anteriores, os retornos são obtidos no curto prazo.

Dollar-Cost Averaging

Esta estratégia baseia-se em fazer investimentos regulares no mercado ao longo do tempo, não sendo algo que não seja possível fazer com as outras estratégias aqui discutidas. Passa por, por exemplo, todos os meses investir 100€.

O racional da estratégia é o de que se os investimentos ocorrem em incrementos regulares, então o investidor captura preços de todos os níveis, o que leva a que o preço médio de aquisição seja menor.

Esta estratégia tem bastantes vantagens para investidores singulares. Faz com que estes se mantenham comprometidos a poupar, ao mesmo tempo que reduzem o risco, os efeitos da volatilidade, e dos biases. No entanto, não é a melhor opção para alguém que tem disponibilidade para investir bastante de uma vez. Um estudo da Vanguard de 2012 determinou que, em média, investimentos feitos de uma vez (lump sum investments) têm um maior retorno do que investimentos feitos de forma regular (ou seja, usando a estratégia de Dollar-cost averaging), mesmo tendo em consideração a volatilidade.

Pequena capitalização (Small Cap Strategy)

Esta estratégia baseia-se em investir em ações de empresas de menor capitalização. 

Alguns investidores utilizam esta estratégia uma vez que este tipo de ações tende a ser menos notado por outros investidores, levando a que sejam menos sujeitas a biases e têm menor probabilidade de estarem sobre-valorizados.

No entanto, esta estratégia tem mais risco já que este tipo de ações são mais voláteis.

Qual escolher?

Escolher a estratégia a utilizar é mais importante do que a estratégia em si. Assim, é importante definir qual a melhor estratégia para si, tendo em conta o seu grau de aversão ao risco, período de investimento e retornos esperados. Se isso não for feito, pode levar a que o investidor troque de estratégia a meio, incorrendo assim em  mais custos de transação.

Autora: Ana Margarida Costa

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