Short Selling: o que é, o seu impacto e a sua ética

O que é?

Short selling é uma estratégia de investimento não muito popular em investidores individuais, mas bastante usada em instituições financeiras como hedge funds e mutual funds.

Short selling é feito através da seguinte sequência: o investidor pede uma ação (ou qualquer outro instrumento financeiro) emprestada, a qual é vendida, de seguida, no mercado financeiro. Mais tarde, após a descida de preço, é comprada outra vez pelo investidor, e por fim, a ação é devolvida a quem a emprestou em primeiro lugar.

Este processo só é feito quando o investidor julga que o preço de um instrumento vai diminuir, pois só dessa forma o pode comprar e vender, lucrando com a variação do preço. 

No entanto, caso as expectativas não se verifiquem e o preço do instrumento suba, o investidor incorre em prejuízos. Como é sabido, o preço de um instrumento pode aumentar para valores infinitos e nunca pode ser menor que zero. É por isso que quando alguém é detentor(a) de algum instrumento financeiro o lucro pode ser infinito, e o prejuízo tem um limite (o custo de aquisição do ativo). O inverso ocorre em short selling, ou seja, os ganhos são limitados e o prejuízo pode não ter limite.

Esta relação está representada no seguintes gráfico para um instrumento financeiro adquirido por 100 €:

Popularidade

Esta estratégia de investimento não é popular em investidores individuais. Na verdade, menos de 2% das transações da New York Stock Exchange são short sales.

Esta relutância em fazer short selling não vem por acaso. Como explicado anteriormente, o prejuízo de fazer short selling não tem limite, podendo levar a grandes perdas (tal como se sucedeu no episódio da GameStop). Para além disso, é uma estratégia “pouco natural”, o que afeta negativamente a sua popularidade.

Devido a estes argumentos, esta prática é principalmente feita por investidores institucionais (hedge funds, mutual funds, etc), que têm expertise nos mercados financeiros.

O impacto de short selling

Em parte, o preço de um instrumento financeiro é determinado pela oferta e pela procura. Short selling aumenta o número de vendas, levando a um aumento da oferta, o que se traduz numa diminuição do preço desse instrumento. No entanto, há quem considere este argumento como um mito.

Assumindo, no entanto, que o argumento é válido, a diminuição do preço de ações de uma empresa tem consequências negativas nesta. Obter financiamento através do mercado de capitais torna-se mais difícil, pois a empresa teria de emitir muitas novas ações para obter uma quantia satisfatória, diluindo bastante a quota parte dos seus atuais acionistas. Para além disso, em empresas que usem capital (ações, opções e outros) como remuneração de trabalhadores e gestores, estes verão os seus salários diminuírem.

Um impacto não disputado desta estratégia é na reputação dos investidores que a fazem. Short selling existe há bastante tempo, e com conotações bastante negativas. Até Napoleão chamou os short sellers de obrigações do governo de “traidores”. Esta má reputação advém da crença de que esta estratégia pode transformar pequenas descidas em pânicos no mercado financeiro, levando a um ciclo vicioso onde o preço não para de descer. 

Além disso, alguns investidores short sellers vão mais longe, podendo mesmo espalhar falsos rumores para que o preço de um ativo desça, numa técnica conhecida como “short and distort.”

A ética de short selling

Short selling é legal na maior parte dos países, apenas naked short selling é ilegal. No fundo, Naked short selling passa por fazer short selling sem ter pedido o instrumento emprestado em primeiro lugar. No entanto, nem sempre o que é legal é ético.

Uma vez que o ato de fazer short selling advém da crença do/a investidor(a) que o mercado está a sobrevalorizar um instrumento financeiro, ao praticar esta estratégia o/a investidor(a) está a aumentar a eficiência dos mercados. Este argumento é defendido de modo consensual pela literatura científica.

Contudo, como foi dito anteriormente neste artigo, o impacto de short selling pode ser bastante negativo. Especialmente se for feito em instrumentos que não estão sobrevalorizados.

Assim, a questão ética torna-se dúbia. Embora esta estratégia possa ser feita com intenção de aumentar a eficiência dos mercados, o impacto não deixa de ser negativo. Por este motivo, a questão tem sido bastante debatida sem chegar a nenhuma conclusão. 

Por agora, um consenso neste tópico parece improvável.

AutoraAna Margarida Costa | Fonte

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