Evergrande evita default mas futuro continua incerto

No dia 21 de outubro, o grupo Evergrande ($3333.HK) conseguiu angariar os fundos necessários para saldar uma dívida no valor de 83,5 milhões de dólares. Esta dívida fazia referência a um pagamento obrigacionista falhado no dia 23 de setembro, mas aparece ainda dentro do prazo de compensação (grace period) de 30 dias, o que evita uma situação de default

A notícia traduziu-se de forma positiva nas ações da empresa que, na sessão de 21 outubro, subiram 4%, mas que de pouco serviu para acalmar investidores. 

Com uma dívida que totaliza os 300 mil milhões de dólares, o recente pagamento em pouco ajuda a reduzir o ceticismo referente à capacidade da empresa em cumprir com a sua dívida de curto prazo. Dia 29 de outubro e 10 de novembro são as duas próximas datas que assinalam novos pagamentos obrigacionistas. A dívida em causa chega aos 195 milhões de dólares.  

“Embora seja obviamente positivo, o pagamento do cupão não responde às preocupações gerais sobre a liquidez da empresa…” disse John Han, sócio da firma de advogados Kobre & Kim em Hong Kong. 

É de salientar que a Evergrande tem tido dificuldade em angariar fundos. Para além da venda da sua participação no Shengjing Bank Co Ltd ($2066.HK) pelo valor de 1,5 mil milhões de dólares a uma empresa estatal no passado mês, o grupo não tem feito mais progressos na venda dos restantes dos seus ativos. Na passada quarta-feira, anunciou que desistiu da venda de 50,01% de uma das suas unidades imobiliárias, deitando por terra assim um negócio de 2,6 mil milhões de dólares. 

“A sua venda da unidade de serviços (de propriedade) falhou e as suas vendas de setembro e outubro estão a piorar cada vez mais”, Castor Pang, chefe de investigação no Core Pacific. “Têm muito pouco dinheiro”, acrescentou. 

No domingo, a Evergrande anunciou através da sua plataforma “wechat” que retomou as obras em 10 projetos de seis cidades diferentes, incluindo Shenzhen. O grupo tinha anunciado no fim de agosto que alguns projetos estavam em suspensão devido a atrasos nos pagamentos a fornecedores. O anúncio procura aumentar a confiança do mercado na empresa e vem acompanhado de várias fotos dos trabalhadores nos projetos em causa.

Ainda assim, a confiança dos investidores no mercado mantém-se pessimista, não só em relação à gigante da construção chinesa mas perante o setor imobiliário como um todo, sendo esta uma questão pouco provável de estar resolvida no curto prazo, uma ideia que o sócio da Herbert Smith Freehills, Alexander Aitken, também partilha. 

Alexander Aitken vai mais longe e afirma que “A questão interessante é se a situação atual se restringirá ao setor imobiliário ou se irá se alastrar ao mercado de crédito chinês”.

Autor: Francisco Sá

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