Evergrande falha dois pagamentos obrigacionistas offshore

O Grupo Evergrande ($3333.HK) falhou, esta quarta-feira, o segundo pagamento obrigacionista offshore no espaço de uma semana.

A empresa chinesa tinha de efetuar o pagamento de 83,5 milhões de dólares no dia 23 de setembro e um pagamento de 42,5 milhões de dólares no dia 29 de setembro, tendo falhado o prazo nos dois compromissos. A situação financeira extremamente débil do grupo, que de momento carrega 305 mil milhões de dólares em dívida, faz com que estes incumprimentos não sejam necessariamente surpreendentes e já era algo que vinha a ser equacionado.

Um fator bastante importante que preocupa os investidores estrangeiros é o silêncio por parte do grupo em relação ao incumprimento da semana passada e agora sobre o desta quarta-feira, sendo evidente que a empresa tem priorizado os seus credores domésticos sobre os seus credores estrangeiros.

Como parte do leque de medidas para evitar a insolvência do grupo, a Evergrande anunciou quarta-feira que ia vender parte da sua participação no banco Shengjing Bank Co Ltd ($2066.HK), aproximadamente 20% do total de capital do banco, a uma empresa de gestão de ativos estatal chinesa por 1,5 mil milhões de dólares. Uma operação crucial para colmatar as suas extremas necessidades de liquidez. No entanto, os proveitos líquidos da alienação aparentam já estarem reservados para liquidar as dívidas do grupo com o próprio Shengjing Bank, que tinha cerca de 7 mil milhões de yuan (1,1 mil milhões de dólares) em empréstimos ao grupo na primeira metade do ano passado, deixando assim os credores estrangeiros sem pagamento à vista num futuro próximo.

A situação do gigante da construção preocupa o governo chinês, mas este tem-se mostrado relutante em intervir diretamente na situação, preferindo incitar empresas e instituições estatais a adquirirem ativos do grupo fornecendo-lhe assim capital. O que pode ajudar a compreender os moldes da operação de alienação da participação no Shengjing Bank por parte do grupo.

“Independentemente de como a dívida é reestruturada, os acionistas da Evergrande e investidores em obrigações offshore denominadas em USD irão sofrer perdas avultadas”, disse Jing Sima, Chief China Strategist da BCA Research.

Enquanto o grupo paira sobre um colapso desastroso com implicações sistémicas para a economia chinesa e potencialmente para a economia global, uma falência controlada, ou um improvável resgate estatal do governo chinês, os investidores ficam a observar o desenrolar da situação da Evergrande.

Autor: Adelino Meireles

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