Empresas de A-Z: Oracle

A Oracle ($ORCL) é uma empresa norte-americana que oferece produtos e serviços na área de tecnologia de informação, serviços IT. A empresa desenvolve aplicações específicas para os seus clientes e oferece soluções de infraestrutura digital para computação na cloud. Os clientes da Oracle incluem agências governamentais e instituições de educação, mas também presta serviços a entidades privadas como empresas do setor automóvel, construção, engenharia, comunicações, saúde, entre outros.  A Oracle fornece também um serviço de cloud global através da Oracle Cloud Infrastructure-as-a-Service (IaaS) que serve como base às suas ofertas de Software-as-a-Service (SaaS)

Os produtos físicos que a Oracle fornece passam por servidores, sistemas e aparelhos de armazenamento de informação desenvolvidos pela empresa. Geralmente, os clientes acabam por contratar os serviços de manutenção destes produtos no momento da compra.

No relatório “10-K” mais recente publicado pela empresa está expressa a importância do investimento na inovação tecnológica dos seus produtos para a estratégia da empresa. Nos anos fiscais de 2019, 2020 e 2021, a Oracle investiu 5.9, 6.2 e 6.5 mil milhões de dólares, respetivamente, na investigação e desenvolvimento com o objetivo de alargar o seu portefólio de produtos e de melhorar os produtos já existentes. A Oracle tem atualmente uma capitalização de mercado de cerca de 245 mil milhões de dólares, emprega 132 mil pessoas espalhadas pelo mundo e é a terceira maior empresa de software do mundo, apenas atrás da Adobe ($ADBE) e da Microsoft ($MSFT).

História da empresa

A Oracle Corporation foi fundada em 1977 por dois programadores: Lawrence J. Ellison e Robert N. Miner. Ambos com experiência em desenvolver programas de bases de dados personalizados, conseguiram persuadir a CIA a contratar os seus serviços para a criação de um programa especial de base de dados por 50 mil dólares. Com um investimento pessoal de 1,5 mil dólares, os dois programadores arrendaram um espaço em Belmont na Califórnia para começar a Oracle e trabalhar nesse primeiro projeto. Ellison tornou-se CEO e Miner ficou com a função de supervisionar o desenvolvimento de software. Para aumentar o investimento na empresa, os dois empreendedores procuraram e conseguiram convencer um investidor privado, Donald L. Lucas, a tornar-se membro da empresa.

Apesar de terem fundado a empresa, Ellison e Miner continuavam a trabalhar para outras empresas. Isso revelou-se uma vantagem quando a IBM lançou pela primeira vez a linguagem de programação Structured Query Language (SQL), pelo que ainda poucas pessoas estavam dentro do assunto. Ellison e Miner aproveitaram a nova inovação e desenvolveram a Oracle RDBMS (relational database management system) a primeira base de dados relacional que utiliza a linguagem SQL, permitindo o uso e controlo de bases de dados em pequenos computadores. A Oracle foi a primeira empresa a comercializar o próprio sistema de RDBMS, tendo a IBM feito o mesmo mas apenas dois anos mais tarde. O produto foi um sucesso e permitiu à Oracle angariar vários milhões de dólares.

Com um elevado capital ao seu dispor, os dois líderes da empresa foram capazes de expandir o seu negócio e portefólio de produtos. Em 1986, a Oracle tornou-se cotada em bolsa, numa altura em que era apelidada de empresa de software de maior crescimento no mundo. No mesmo ano, a empresa estabeleceu 17 subsidiárias de marketing na Austrália, Canadá, China e Europa.

A Oracle continuou a sua expansão até aos dias de hoje, atingindo a atual enorme valorização de mercado e impactando a produtividade de centenas de empresas clientes nos seus 44 anos de história.

Atual CEO

A atual CEO da Oracle é Safra A. Catz. A executiva israelita de 60 anos, formou-se em direito pela Universidade da Pensilvânia em 1983 e trabalhou como banqueira no banco de investimentos Donaldson, Lufkin & Jenrette de 1997 a 1999. Transitou nessa altura para a Oracle, tornando-se membro da direção em 2001 e diretora não-executiva da Hyperion Solutions, uma subsidiária da Oracle em 2007.

Foi nomeada CEO em 2014, substituindo o fundador Larry Ellison nesta posição. Em 2016 foi considerada a mulher com melhor remuneração no cargo de CEO do mundo, depois de já ter sido considerada pela Forbes como a 16ª mulher de negócios mais poderosa do mundo em 2009.

Identificação do Moat

Para se perceber se a Oracle apresenta uma forte vantagem competitiva, ou Moat, deve-se começar por saber qual é a concorrência da empresa no seu ramo de negócio. Uma pesquisa rápida revela logo grandes empresas que competem com a Oracle, tais como a CISCO ($CSCO), a Adobe ($ADBE), a IBM ($IBM), ou ainda a Microsoft ($MSFT). Estas são apenas algumas das empresas que concorrem com a Oracle e, por isso, pode-se concluir que se trata de um setor económico muito concorrido, o que torna mais difícil para cada uma destas empresas conquistar terreno no mercado. 

Sendo que até agora não existe nenhum indício claro de um forte Moat, deve-se passar à análise de alguns parâmetros contabilísticos importantes, tal como explicado na publicação “Como conseguir identificar um forte “Moat” numa empresa”. A tabela seguinte apresenta as taxas de crescimento em percentagem dos parâmetros contabilísticos em questão nos últimos 10 anos e resulta de uma análise dos relatórios “10-K” da empresa, acessíveis através do website Quick fs.

Fazendo a média para os últimos 10 e 3 anos, fica:

Verifica-se que o Return On Invested Capital – ROIC, os Earnings Per Share – EPS e o Fluxo de caixa operacional apresentam valores muito bons, acima dos 10%. As receitas apresentam uma taxa de crescimento muito baixa, mantendo-se praticamente constantes nos últimos 10 anos. A taxa de crescimento da Equity é o valor mais preocupante, uma vez que se apresenta negativo. A diminuição da Equity tanto poderá ocorrer devido à diminuição dos ativos ou pelo aumento das obrigações (Liabilities). Como os restantes parâmetros não são negativos, é mais provável que esta diminuição da Equity se deva à contração de dívida por parte da empresa. Isto nem sempre é mau, uma vez que a empresa pode contrair dívida com o objetivo de investir em novos produtos e inovações, mas terá de ser financeiramente robusta para que possa contrair essa dívida sem consequências graves.

Apesar do valor negativo na taxa de crescimento da Equity, a Oracle está próxima de apresentar um forte Moat.

Cálculo do valor intrínseco

Para calcular o valor intrínseco será seguida a explicação da publicação “Como calcular o valor intrínseco de uma empresa?”. Através do website Yahoo Finance, podemos obter o valor atual dos EPS, que corresponde a 4,72 dólares. A taxa de crescimento futura dos EPS está normalmente relacionada com a taxa de crescimento passada da Equity. No entanto, o valor da taxa de crescimento da Equity é negativo, pelo que há a possibilidade de esta relação não se verificar para a Oracle. Também pelo website Yahoo Finance pode-se consultar a previsão de crescimento dos analistas. Esta corresponde a 8,66%, pelo que será considerada a taxa anual de crescimento arredondada de 9%.

O valor do rácio Price to Earnings – PE é, habitualmente, de cerca do dobro desta taxa de crescimento, pelo que o rácio seria de 18 (=9 x 2), muito próximo do valor atual. Com um retorno mínimo aceitável de 15%, podemos avançar para o cálculo do valor intrínseco. A estimativa da evolução dos EPS ao longo dos próximos 10 anos está representada na seguinte tabela:

Multiplicando o valor final de 10,25 dólares pelo valor do PE de 18 e fazendo o desconto anual de 15%, obtemos um valor intrínseco de aproximadamente 46 dólares. Sabendo que o preço por ação da Oracle ronda os 100 dólares, podemos afirmar que, à luz das estimativas apresentadas, as ações da empresa encontram-se sobrevalorizadas.

Sendo que todos os cálculos são baseados em estimativas futuras, é impossível prever a evolução correta do preço das ações. Dependendo dos conhecimentos e opiniões do investidor, o valor intrínseco poderá ser diferente, podendo ou não verificar-se que as ações estão sobrevalorizadas. De qualquer forma, para investir é necessário fazer pesquisas mais aprofundadas para que se perceba realmente o negócio em causa, os pontos fortes e fracos de cada empresa. Sem essa pesquisa, as probabilidades de um mau investimento aumentam.

Autor: André Azevedo

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