Aumento dos salários e da inflação

O Governo de António Costa confirmou o aumento do salário mínimo nacional de 665€ para 705€ a partir de 1 de janeiro de 2022.

Todavia, este aumento visto pela ótica empresarial é tido como um aumento dos custos com os colaboradores e, tendo em conta o contexto pandémico, nem todas as empresas têm capacidade financeira para aumentarem os seus custos, mantendo os lucros. Desta forma, as empresas podem repercutir os seus custos no preço dos bens e/ou serviços que oferecem.

Para além disso, este aumento de salários é acompanhado pelo aumento da inflação, ou seja, o aumento generalizado do preço dos bens e serviços. Quando se está perante este fenómeno, o poder de compra dos agentes económicos diminui.

No cenário atual português, o aumento dos preços é acompanhado pelo incremento dos salários, pelo que em termos reais nada se altera. Pode-se dizer que se está perante uma falsa sensação de riqueza.

O Banco de Portugal estima que a inflação seja de 1,8% em 2022, assumindo que em 2021 esta taxa será de 0,9%. O valor apresentado para o presente ano iguala as estimativas do Ministério das Finanças, porém a Comissão Europeia, bem como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o Conselho das Finanças Públicas estimam valores abaixo em 0,1 pontos percentuais, isto é, prevêem uma taxa de inflação de 0,8% para 2021. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) é mais pessimista e aponta para uma taxa de inflação de 1,2% para o mesmo período.

O Banco de Portugal indica ainda que a taxa de inflação será influenciada pela energia. Na verdade, os preços das matérias-primas são muito voláteis ao preço da energia, o que faz com que os custos para o consumidor sejam influenciados e a taxa de inflação automaticamente é afetada.

O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, está preocupado com o aumento dos salários e, ao mesmo tempo, com o aumento da inflação e refere não querer “espirais de subidas mútuas”. A inflação não deve acontecer por via do aumento dos salários, pois inflação gera inflação e corre-se o risco de entrar numa espiral em que o aumento dos salários serve para compensar aumentos de inflação.

A passagem para 705€ mensais do salário mínimo nacional em 2022 leva a uma dinâmica de rendimentos que pode afetar negativamente a taxa de inflação. De acordo com os objetivos traçados por António Costa, o salário mínimo nacional em 2023 e 2024 sofrerá aumento, o que se refletirá num novo incremento da inflação, pelo que é um risco a considerar.

Autora: Márcia Soares

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