Robo-advisors: O que são e qual o seu impacto em Finanças?

Robo-advisors são uma inovação disruptiva no mundo das Finanças, que tem o potencial de alterar os serviços de gestão de património como os conhecemos. Assim, esta nova tecnologia baseada em Inteligência Artificial pode vir a transformar completamente a indústria do setor de gestão de riqueza.

O que são robo-advisors?

Segundo os autores do livro “The Disruptive Impact of FinTech on Retirement Systems” de Fisch, Labouré e Turner, esta nova ferramenta corresponde aos serviços onlines automatizados que usam algoritmos computacionais para providenciar conselhos financeiros e gerir os portfólios de investimento dos diferentes clientes. 

De modo a realizar as suas tarefas, primeiramente o robô recolhe informação dos seus clientes relativamente aos seus objetivos e situação financeira através de um questionário online. Esta avaliação não se limita a determinar o perfil de risco do investidor, mas também pode incluir preferências setoriais e éticas. Com esta informação, o robô oferece uma recomendação para o portfólio do investidor.

Posto isto, o segundo passo é a realização da gestão do portfólio. Esta diferem dos outros procedimentos mais tradicionais de gestão de riqueza uma vez que esta esta nova ferramenta requer pouca a nenhuma gestão ativa de portfólio já que usam produtos como ETFs. Assim, esta estratégia passiva de gestão de portfólio garante baixos custos.

Conselheiros robô são algo novo?

Embora esta seja uma ferramenta que traz inovação disruptiva em Finanças (o que será melhor abordado mais à frente), esta tecnologia não é tão nova quanto se possa pensar.  Na verdade, o primeiro robo-advisor foi lançado em 2008, e começou a utilizar dinheiro de investidores em 2010. Este período corresponde à segunda vaga de digitalização que se focava em serviços inteligentes baseados em algoritmos e software inteligente para aumentar o grau de automatização. 

Na altura, o propósito era rebalancear ativos dentro de fundos target-date de modo a que os investidores possam gerir os seus portfólios passivamente. Desde então esta invenção tem evoluído bastante, sendo que aos dias de hoje estes oferecem outros serviços como fácil criação de conta, planeamento de objetivos robustos, serviços de contabilidade, gestão de portfólio, features de segurança, serviço de clientes, educação, e baixas comissões.

Qual o seu impacto em Finanças?

Diferentes inovações têm trazido grandes alterações nos setores que afetam. Por exemplo, a invenção da máquina a vapor em 1698 levou à revolução industrial. Hoje, temos carteiras digitais que podem levar ao fim dos bancos tradicionais. Da mesma forma, os robo-advisors podem alterar o setor de gestão de patrimônio (wealth management) como o conhecemos.

A gestão de património no seu formato tradicional consiste num  gestor de patrimônio (wealth manager) gerir a riqueza de um indivíduo, e por tal cobrar comissões. Também é possível providenciar serviços de planeamento de impostos, de imobiliário, e de reforma. 

Como tal, normalmente esta atividade é dirigida a investidores com grandes patrimónios, embora também possam haver empresas de gestão patrimonial que trabalhem com indivíduos com menor níveis de riqueza. 

Devido aos baixos custos,  os robo-advisors têm como alvo os investidores não profissionais, independentemente da riqueza deste. Isto, aliado com o facto de que os indivíduos agora assumem mais responsabilidade pelos seus investimentos, faz com que os robo-advisors tenham o potencial de se tornarem uma grande parte do setor financeiro.

Isto leva então à questão de como irão os gestores de património diferenciar-se dos robo-advisors. Segundo um relatório de 2017 da Deloitte, existem três cenários que se podem desenrolar. 

  • Ofertas baseadas em certeza

Os maiores lucros em gestão de património podem levar à criação de produtos que garantam determinados resultados. Estes são produtos que os clientes preferem, e nos quais irão investir. No entanto, criar estes instrumentos implica fortes parcerias para gerir os riscos.

  • Conselho como diferenciação

À medida que os robo-advisors melhoram os seus processos, os conselhos de investimento serão o factor de decisão que levará os investidores a escolher uma instituição de gestão de património. Neste cenário, serviços de investimento tornar-se-ão mais convenientes, mas também menos transparentes. Assim, gestores de património tornar-se-ão mais importantes do que hoje.

  • Externalização de qualidade

O aumento de custos pode levar empresas a depender de serviços externos, ou a ganhar escala suficiente para investir em tecnologia diferenciadora. Isto poderá levar a maior standizarção, e esta bifurcação da indústria levará a novas oportunidades e ameaças.

Assim, os robo-advisors não irão necessariamente “acabar com gestão de património”, apenas poderão alterar a forma como funciona. Com estes, poderemos ver uma diferenciação da oferta, já que as empresas gestoras de património precisarão de se diferenciar. Também poderemos ver um maior enfoque nos conselhos financeiros à medida que os robo-advisors se vão sofisticando. 

Por fim, o papel de conselheiros humanos continuará a ser extremamente importante, no entanto o seu papel poderá passar de seleção de produtos para compromisso do cliente/customer engagement, inteligência emocional e suporte de decisão. 

Autora: Ana Margarida Costa

1 COMENTÁRIO

  1. Estou a experimentar um destes serviços disponíveis, numa instituição portuguesa de serviços financeiros e até ao momento estou satisfeito com os resultados. Simples, prático e bem direcionado.
    Recomendo

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