De acordo com a Fundação José Neves (FJN), o ritmo de aumento de qualificações tem sido significativamente mais acelerado do que a evolução da produtividade em Portugal, sendo este um dos principais motivos para a determinação dos baixos salários implementados no mercado de trabalho.
No que diz respeito aos empregadores portugueses, os que não terminaram o ensino secundário representam 47,5% da totalidade, número que é três vezes superior à média europeia.
Carlos Oliveira, presidente executivo da FJN, afirma que a fixação num modelo em que as pessoas olham para o seu futuro baseadas na correlação formação base e uma profissão ou com um grupo de profissões muito adjacente, já não é mais a forma de se olhar para o futuro, uma vez que as profissões que os mais jovens irão ter ainda não foram, muito provavelmente inventadas.
Assim, caminha-se para um novo paradigma no mercado de trabalho mais voltado para as competências, em vez das profissões. A priorização da aquisição das competências e a aprendizagem que cada um dos indivíduos faz, permite olhar para o mercado de trabalho, não à procura de uma profissão específica, mas de um cluster/grupo de profissões, que partilham a necessidade desse conjunto de competências.
Com esta visão, as pessoas podem olhar para a transição mercado laboral e progressão de carreira, na ótica de um cluster onde se enquadram, sendo que o complementar do desenvolvimento de competências ao longo da vida às já detentoras de base, proporcionam a possibilidade de transições de carreira, seja na mesma ou noutra empresa, bem como a adoção de uma perspetiva muito mais futurista no mercado de trabalho.
Face à situação retratada, Durão Barroso idealiza a solução através da combinação entre a formação técnica e o investimento nas humanidades, na capacidade de compreender, analisar e criticar o mundo, sendo este um grande desafio, sobretudo em Portugal, onde diz que há muito a fazer.
Autor: Pedro Nunes
