No World Economic Outlook de Outubro, publicado esta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em baixa a sua perspetiva de crescimento global de 2021 para 5,9%, depois de ter apresentado em Julho um valor de 6,0%. No entanto, permaneceu inalterada a previsão de crescimento global para 2022 em 4,9%.
A revisão em baixa para este ano acontece devido aos problemas recentes do fornecimento das cadeias de abastecimento que se têm assistido nas economias mais desenvolvidas. O relatório desta terça-feira constata que “A perspetiva para os países em vias de desenvolvimento reduziu consideravelmente devido ao agravamento da dinâmica da pandemia. A redução também reflete as perspetivas de curto prazo mais difíceis para o grupo de economias mais desenvolvidas, em parte devido às dificuldades sentidas nas cadeias de abastecimento”.
Os Estados Unidos da América são um dos países nesta posição, em que o FMI reduziu as estimativas de crescimento em 1 ponto percentual, para os 6%. No mesmo sentido, as perspetivas de crescimento para Espanha e Alemanha também foram revistas em baixa em 0,5 pontos percentuais.
As estimativas apresentadas pelo FMI mostram que, as economias mais desenvolvidas poderão exceder os valores pré-pandemia em 2024. Por outro lado, os países em vias de desenvolvimento, deverão permanecer 5,5% abaixo das previsões pré-pandêmicas. A economista chefe do FMI, Gita Gopinath, conclui que “estas divergências entre economias são uma consequência da grande diferença de vacinação e das grandes diferenças nos apoios públicos e nas políticas”.
Gita Gopinath alerta que “cerca de 96% da população nos países de baixos rendimentos permanece não vacinada” resultando em que “os surtos pandémicos em pontos críticos das cadeias de abastecimento globais resultaram em ruturas de abastecimento mais longas do que o esperado, alimentando a inflação em muitos países. Globalmente, os riscos para as perspetivas económicas aumentaram e as compensações passíveis de serem garantidas pelas políticas tornaram-se mais complexas.”
Relativamente a Portugal, o World Economic Outlook de outubro, mantém as previsões apresentadas em julho, quando reviu em alta as perspetivas de crescimento exibidas em Abril. No relatório de Abril, o FMI previa um crescimento mais tímido, tanto para 2021 como para 2022, de 3,9% e 4,8% respetivamente. Desde julho que o FMI prevê que o PIB português para 2021 cresça 4,4% e para 2022 está previsto que a atividade económica assista a um crescimento de 5,1%.
Ainda assim, os valores apresentados pelo FMI são mais contidos quando comparados com as previsões do Ministério da Finanças. O Ministro das Finanças, João Leão, prevê uma subida do PIB de 4,6% para 2021 e de 5,5% para 2022.
Em comparação com os outros países da União Europeia, Portugal deverá crescer mais devagar este ano, apesar de ter sofrido uma recessão mais profunda do que a média em 2020. A média da previsão do crescimento económico para os países da moeda única para 2021 e 2022 encontra-se nos 5% e 4,3%, respetivamente.
Quanto ao mercado de trabalho, o relatório do FMI aponta melhorias residuais da taxa de desemprego. Depois dos 7% registados em 2020, é previsto que este valor observe uma redução para 6,1% em 2021 e 6,7% em 2022, colocando Portugal com previsões mais otimistas do que aquelas apresentadas para a Zona Euro.
Autor: José João Sampaio
