Bitcoin sofre desvalorização no seguimento do plano de Joe Biden

A Bitcoin ($BTC) sofreu uma considerável desvalorização no seguimento das notícias divulgadas no dia 22 de abril, em que a Administração de Joe Biden pretende quase duplicar o imposto sobre as mais-valias dos contribuintes com rendimentos superiores a 1 milhão de dólares.

Desde meados da semana passada, o mercado das criptomoedas tem sofrido uma grande correção, vista como inevitável após a listagem direta da Coinbase ($COIN) e o consequente hype. Desta forma, têm-se registado quedas regulares nos preços destes ativos, o que, juntamente com os planos de Joe Biden, encaminhou a Bitcoin para valores abaixo dos 50 mil dólares esta sexta-feira. Contudo, no mesmo dia, a sua valorização rapidamente recuperou este patamar.

De facto, este é um valor que já não era observado desde o início de março, e encontra-se bastante aquém do recorde máximo acima de 63 mil dólares, alcançado no dia 13 de abril. Outros investidores em criptomoedas como a Ethereum ($ETH) e a XRP ($XRP) também experienciaram um retorno negativo, aquando das recentes notícias.

Mas, então, quais são exatamente as medidas que Joe Biden pretende aplicar? Para contribuintes que apresentem rendimentos anuais superiores a 1 milhão de dólares, os impostos sobre as mais-valias iriam aumentar dos atuais 20% para 39,6%. 

A acrescer, ainda se encontra o atual vigente imposto ObamaCare sobre os investimentos de 3,8%, totalizando 43,4% de impostos sobre as mais-valias. No entanto, os descontos não acabam aqui, já que apenas nos referimos aos impostos federais. Se contabilizarmos os impostos estaduais, o total pode facilmente alcançar um valor acima dos 50%. 

Carlos Betancourt, cofundador da BKCoin Capital, numa entrevista à Newsweek, apontou as consequências deste incremento relativamente ao já existente exodus californiano, “O plano coloca a taxa efetiva acima dos 50% em certos estados e prejudicaria a criação de emprego, e continuaria a acelerar o movimento de estados como a Califórnia e Nova Iorque para estados com taxas mais favoráveis como a Flórida e o Texas que não apresentam impostos estaduais”.

Para além disso, o Presidente também está preparado para estabelecer os impostos cobrados sobre o rendimento ao mesmo nível, representando um acréscimo de 2,6%, comparativamente aos já vigentes 37% para o escalão superior de rendimentos. Porém, Biden prometeu não aumentar os impostos para as famílias que apresentem rendimentos anuais inferiores a 400 mil dólares, o que representa aproximadamente 90% dos contribuintes.

O leitor também pode se questionar acerca das razões por detrás desta proposta. De facto, as medidas vão de encontro à sua campanha e ao seu plano de 4 biliões de dólares para reformular a economia americana, ao taxar diretamente as pessoas com maiores posses como forma de financiamento para oferecer apoio aos mais necessitados, através do American Family Plan. Entre outros objetivos, este plano visa combater a desigualdade, reduzir a pobreza e os encargos das famílias com as crianças, e estabelecer licenças remuneradas.

Regressando às criptomoedas, alguns investidores temem o acréscimo de impostos visto que pode levar a grandes players venderem a sua posição e, consequentemente, provocarem um decréscimo de retorno e interesse, em geral, do mercado.

Simultaneamente, há um sentimento positivo por parte de Ruud Feltkamp, CEO da Cryptohopper, que afirma “Não penso que os planos de impostos do Biden irão ter um grande impacto na Bitcoin” e “A Bitcoin já teve uma grande valorização durante muito tempo, é natural ver uma consolidação. Os traders estão simplesmente a realizar as mais-valias”.

Assim, dada a bem familiar volatilidade da Bitcoin, apenas podemos esperar para saber o real impacto do plano de Joe Biden para a economia americana.

Autor: Tiago Leite