Será que a invasão militar da Rússia à Ucrânia, que marcou o início da incessante guerra na Europa, marca também o início da Guerra Mundial do Pão? De acordo com o ministro italiano, sim.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi di Maio, afirmou este sábado, 4 de junho, que devido ao bloqueio de cereais na Ucrânia e o consequente “risco de novos conflitos em África”, começou “a guerra mundial do pão”.
Como é sabido, o país invadido pela Rússia no passado dia 24 de fevereiro, é um dos maiores produtores mundiais de fertilizantes agrícolas e de cereais, sendo este responsável por exportar esses bens para todo o mundo.
Deste modo, as produções ucranianas são fundamentais para garantir a segurança alimentar de várias regiões mundiais, nomeadamente do Norte de África e do Médio Oriente, estando o bloqueio dos seus produtos a dificultar, ou até mesmo a impedir, o acesso destes produtos a estes países considerados mais vulneráveis.
Assim, e de acordo com as declarações do ministro italiano “A guerra mundial do pão já está em marcha e temos de a parar. Arriscamo-nos a ter instabilidade política em África, a haver proliferação de organizações terroristas, a ter golpes de estado. É isto que pode produzir a crise dos cereais que estamos a viver” e “há 300 milhões de toneladas de cereais bloqueadas nos portos ucranianos pelos barcos de guerra russos“.
Neste sentido, Luigi di Maio reforçou que deve ocorrer “um acordo de paz o mais depressa possível, que abranja os cereais”, adiantando que o seu país tem estado a trabalhar para que a Rússia desbloqueie a exportação de trigo dos portos ucranianos, e para evitar que surjam possíveis novas guerras, uma vez que este é um risco que está iminente.
Reforçou ainda que vai colaborar com vários países, como a Alemanha, a França, a Turquia, para que seja possível alcançar esse mesmo objetivo, e para que essa situação possa ser evitada, relembrando a sessão de diálogo que irá ocorrer ainda esta semana, na próxima quarta-feira, dia 8 de junho, com os países do Mediterrâneo sobre a segurança alimentar.
De destacar que não foi apenas o ministro italiano a levantar estas questões. Também a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já tinha alertado para as possíveis consequências da guerra na segurança alimentar em todo o mundo, dado que a Rússia e a Ucrânia são os maiores produtores de cereais do planeta.
Autora: Ana Rita Ribeiro