Escassez de mão de obra no mundo desenvolvido é uma realidade

Chris Gray, diretor administrativo no Reino Unido da agência de recrutamento ManpowerGroup, tem observado aumentos salariais e redução de requisitos dos postos de trabalho, num esforço das empresas para conseguir atrair mão de obra.

Na mesma situação se deparam os EUA e a Zona Euro, apesar dos sinais de escassez de trabalhadores e pressões salariais serem mais evidentes nos Estados Unidos.

Poucos esperavam que isto viesse a acontecer. Mas a verdade é que todos os estados americanos já terminaram os seus planos de apoio ao rendimento e as empresas dizem que a falta de trabalhadores ainda as está a atrasar, particularmente em setores com menores salários. Alguns economistas já vieram dizer que o fim destes esquemas não será suficiente para acabar com o problema.

Várias razões são apontadas para a escassez atual de mão de obra. O mix de ofertas de trabalho mudou durante a pandemia, muitos trabalhadores não têm as skills necessárias para setores onde a procura cresce rapidamente, como IT e logística.

Em Julho, apenas 5% da força de trabalho da Zona Euro estava em sistemas de trabalho de curta duração. Um fator mais importante é se as pessoas que saíram do mercado de trabalho decidiram voltar. A força ativa de trabalho da Zona Euro situava-se 2.6 milhões abaixo dos valores pré-pandémicos, enquanto os EUA têm menos 2 milhões de pessoas.

Uma terceira razão é que a pandemia amplificou problemas do mercado de trabalho já existentes.

No Reino Unido, o Brexit reduziu o fluxo de trabalhadores migrantes. A Alemanha tem uma população envelhecida. Em Espanha e França a legislação do mercado de trabalho é muito rígida.

Uma questão importante é se esta escassez de força de trabalho vai conduzir a uma espiral de custos salariais que potencia a inflação. A OCDE alertou para este problema nos EUA a semana passada. O Banco de Inglaterra também acredita que os aumentos salariais têm vindo a acelerar no Reino Unido.

Todavia, alguns economistas estão otimistas. Argumentam que, na Zona Euro, onde a inflação é um problema de menor escala, a escassez de mão de obra pode forçar os governos a aumentar a formação dos desempregados de longa-duração e a serem mais abertos a fluxos migratórios. Maiores custos salariais no Norte da Europa podem tornar os países do Sul mais competitivos, resolvendo um problema estrutural do bloco.

Autor: Diogo Viduedo

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