COP26: Novas apostas contra a Extinção

A cimeira do clima das Nações Unidas arrancou este fim-de-semana, a 31 de outubro. A COP26 foi concebida em prol da tentativa de juntar várias economias e chegar a acordo para que se evitem efeitos desastrosos vindos das alterações climáticas. Ou seja, foi pensada como uma oportunidade para tentar salvar o planeta e, possivelmente, a nossa espécie.

Apesar de estar atrasada por um ano devido à pandemia mundial de covid-19, a COP26 visa manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. 

Alok Sharma, presidente da COP26, disse “Terminada a cimeira, queremos poder dizer que mantemos o 1,5 vivo”. Não obstante, afirmou também, “O que estamos a tentar alcançar em Glasgow é, de muitas formas, mais difícil do que em Paris”.

Atualmente, “Já estamos com um aquecimento global 1,1ºC acima dos níveis pré-industriais”, disse à Sky News television. “A 1,5ºC há vários países que estarão debaixo de água, e é por isso que precisamos de chegar a um acordo sobre como enfrentar as alterações climáticas durante a próxima década”.

Devido à inação, ou ação insuficiente, e às “promessas vazias” caracterizadoras da esmagadora maioria da política climática global, o cumprimento do objetivo de 1,5ºC exigirá um impulso político e um levantamento diplomático pesado para compensar tudo o que não foi feito mais cedo como prometido.

A conferência precisa de assegurar promessas mais ambiciosas para reduzir ainda mais as emissões, bloquear milhares de milhões no financiamento climático, e terminar as regras para implementar o Acordo de Paris com o consentimento unânime dos quase 200 países que o assinaram.

António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, disse aos líderes do Grupo dos 20 (G20) “Sejamos honestos, há um grande risco de que Glasgow não cumpra as suas promessas”.

Neste século, a temperatura média do planeta poderá subir 2,7ºC. Este facto, segundo as Nações Unidas, fará com que as destruições que as alterações climáticas já estão a causar se intensifiquem causando tempestades mais destrutivas, expondo mais pessoas a calor mortal e inundações, matando recifes de coral e destruindo ainda mais habitats naturais.

A China, o país mais poluidor do mundo, apresentou na semana passada uma nova promessa, que foi rotulada como uma “oportunidade perdida”. Os anúncios da Rússia e da Arábia Saudita também foram pouco brilhantes atendendo à situação atual do planeta.

Por outro lado, o regresso dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, às conversações sobre o clima da ONU será uma bênção para a conferência, após uma ausência de quatro anos sob o mandato do Presidente Donald Trump.

Contudo, tal como muitos outros líderes mundiais, o Presidente Joe Biden chegará à COP26 sem uma legislação firme em vigor para cumprir o seu próprio compromisso climático. Enquanto isso, o Congresso discute a forma de o financiar e surgem novas incertezas sobre se as agências dos EUA podem realmente regular as emissões dos gases com efeito de estufa.

De acordo com o rascunho de uma declaração à qual a Reuters teve acesso, os líderes da reunião do G20 em Roma este fim-de-semana dirão que o seu objetivo é limitar o aquecimento global a 1,5ºC, mas evitarão em grande parte compromissos firmes.

A declaração conjunta reflete duras negociações, no entanto, detalha poucas ações concretas para limitar as emissões de carbono.

O G20, que inclui o Brasil, China, Índia, Alemanha, Estados Unidos e outros 14 países, é responsável por cerca de 80% das emissões globais de gases com efeito de estufa, mas espera que a reunião de Roma possa abrir o caminho para o sucesso na Escócia.

Em última análise, as negociações resumir-se-ão a questões de equidade e confiança entre os países ricos cujas emissões de gases com efeito de estufa provocaram alterações climáticas, e os países pobres a quem se pede que descarbonizem as suas economias com apoio financeiro insuficiente.

A covid-19 tem exacerbado a divisão entre ricos e pobres. A falta de vacinas e de meios de transporte significam que alguns representantes dos países mais pobres não podem participar na reunião.

Existem ainda outros obstáculos. As elevadas tarifas hoteleiras em Glasgow alimentaram a preocupação de que grupos das nações mais pobres, que também estão mais ameaçados pelo aquecimento global, estejam sub-representados.

No exterior, espera-se que dezenas de milhares de manifestantes tomem as ruas para exigir uma ação climática urgente.

A avaliação do progresso será complexa. Ao contrário das cimeiras climáticas passadas, o evento não vai produzir um novo tratado ou uma grande “vitória”, mas procura assegurar vitórias menores, mas vitais sobre promessas de redução de emissões, financiamento climático e investimento.

Desde o Acordo de Paris em 2015, os cientistas têm emitido avisos cada vez mais urgentes de que o objetivo de 1,5ºC está a ficar fora de alcance. 

Para cumprir com este objetivo, as emissões globais devem descer 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010, e atingir o “net-zero” até 2050. Isto irá exigir enormes mudanças nos sistemas de transporte, produção de energia, manufatura e agricultura dos países. 

As atuais promessas dos países veriam as emissões globais disparar em 16% até 2030.

Autora: Bruna Pereira

DEIXA UM COMENTÁRIO

Por favor, envie o comentário!
Por favor, escreva o seu nome aqui

spot_imgspot_img

Últimas notícias

Receba o ebook "Os primeiros investimentos" GRATUITAMENTE

Basta carregar no botão abaixo

Artigos Relacionados

spot_imgspot_img