O planeamento é a chave fundamental para todos os aspetos e fases da nossa vida. Planeamos uma viagem, a compra da nossa primeira casa, a carreira profissional, o nosso casamento e as nossas relações. Consequentemente, o período da reforma, para ser bem aproveitado e vivido, também tem de ser alvo de planeamento.
A reforma é um momento crucial na vida de todos os indivíduos. É altura em que deixamos de trabalhar e passamos a depender das nossas economias e benefícios de aposentação (pensões) para viver. No entanto, muitas pessoas enfrentam desafios financeiros quando chegam à idade da reforma devido a poupanças insuficientes ou investimentos inadequados ou mesmo inexistentes. Neste artigo, discutiremos sobre o sistema de pensões em Portugal e como se preparar para uma vida confortável após o fim da carreira profissional.
Como funciona o nosso sistema de pensões?
À medida que envelhecemos deixamos de ter capacidades físicas e mentais para garantir a nossa subsistência por via da participação no mercado de trabalho. Desta forma, precisamos de um mecanismo que nos permita alocar parte dos nossos salários para quando já não conseguirmos trabalhar. O Sistema de Pensões ou o Sistema da Segurança Social (SS), cumpre, primordialmente, essa função.
O sistema público de pensões abrange dois universos distintos: o sistema de Segurança Social, que cobre os trabalhadores do setor privado e os trabalhadores que entraram na Função Pública a partir de 2006; e o subsistema da Caixa Geral de Aposentações (CGA), que cobre os trabalhadores que entraram para a Função Pública antes de 2006.
O atual sistema social de reforma em Portugal baseia-se num modelo de repartição em que o número de trabalhadores ativos contribui para os que atualmente estão na reforma (em 2023, a idade legal de reforma é de 66 anos e 4 meses). Para que este sistema seja considerado equilibrado e sustentável é recomendado que tenhamos pelo menos 3 trabalhadores por cada pensionista.
Será que Portugal apresenta um sistema de Segurança Social sustentável?
Segundo os mais recentes dados do Pordata, Portugal, no ano de 2021, apresentava um total de reformados de cerca de 3.624.790 agrupando os beneficiários do sistema de pensões da Segurança Social e do subsistema da CGA. No que concerne à população ativa empregada, no mesmo ano Portugal apresentava um total de 4.812.300 trabalhadores. Isto dá um rácio de 1,32 trabalhadores por reformado.
Este número embora preocupante não significa ainda a ruptura do sistema de segurança social, mas já evidencia fatores de insustentabilidade a prazo do sistema em Portugal.
Estamos, portanto, num cenário que terá tendência para se agravar, é previsível que as futuras gerações percam benefícios e que o valor das reformas seja cada vez menor. Estarão os jovens portugueses e atuais trabalhadores preparados para este cenário?
Como se preparar para a idade da reforma em Portugal?
1º- Investir e Poupar
Com o atual cenário de declínio do Sistema de Segurança Social, é importante começar a poupar e investir o mais cedo possível. Uma maneira de fazer isso é contribuir regularmente para um fundo de pensão ou investir em ações, títulos ou outro qualquer instrumento financeiro. Também é importante ter um orçamento pessoal eficiente e controlar as suas finanças pessoais, evitando dívidas e gastos excessivos acima do seu estilo de vida.
2º- Plano de Poupança e Reforma
Outra forma de investir o seu dinheiro hoje para colher frutos na reforma, é investir num Plano de Poupança e Reforma (PPR). Este plano de reforma permite que os trabalhadores contribuam com uma quantia mensal para um fundo de investimento, que pode ser resgatado na reforma. Pode ser usado como complemento à pensão da SS, garantindo mais segurança financeira na altura da reforma.
3º- Dividendos
Investir em ações que pagam dividendos pode ser uma estratégia interessante para quem procura uma reforma financeiramente estável. Os dividendos são uma parte do lucro de uma empresa que é distribuída aos seus acionistas, geralmente de forma periódica. Na NYSE temos exemplos de empresas que pagam dividendos, constantemente e regularmente, ao longo de várias décadas. Muitas delas, sempre com o objetivo do aumento progressivo destes dividendos ao longo dos anos. Além dos dividendos que são garantidamente do investidor, poderias ainda beneficiar de flutuações positivas no preço da ação dessa empresa.
4º- Adote um estilo de vida sustentável
Um estilo de vida sustentável pode ajudar a poupar dinheiro e aumentar a sua segurança financeira na idade da reforma. Reduzir gastos desnecessários, evitar dívidas e investir em hábitos saudáveis pode fazer toda a diferença. E engane-se que é por ter muito dinheiro em determinada altura da vida que garante que vá ter uma boa reforma no futuro.
É importante estar consciente dos seus gastos e fazer um orçamento realista que permita poupar e investir para a reforma. Um estilo de vida acima da sua situação financeira, isto é, num mapa de Cash Flows, há mais dinheiro a sair do que a entrar, tornar-se-à incomportável a médio/longo prazo.
5º Procure acompanhamento financeiro
Consultar um profissional especializado em finanças pode ser uma excelente forma de garantir que está a tomar as melhores decisões em relação aos seus investimentos e à sua reforma. Um consultor financeiro que te acompanhe continuamente, estabeleça objetivos realistas para a tua situação financeira e que te aumente a segurança na idade da reforma.
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Francisco Castilho, 20 anos, natural de Coimbra. Atualmente frequenta o 2ºano da licenciatura em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Terminou recentemente um programa de embaixadores numa empresa de estratégia e marketing digital (Triber Academy), desempenhado a função de digital marketing copywriter. As áreas dos investimentos, finanças pessoais e análise fundamental de empresas são as que mais constam nos seus artigos e procura aprender mais com as diversas temáticas que surgirão na MeuCapital.
