Tendências de M&A em Portugal

O mais recente relatório: “Portugal M&A: MovingForwardAfterCovid-19”, realizado pela Abreu Advogados, em parceria com o TTR (Transactional Track Record), tem como principais objetivos “analisar o contexto cada vez mais complexo e desafiante do mercado de M&A em Portugal” e perceber quais as principais tendências, setores e pontos fortes do mercado português.  

O estudo baseia-se no conjunto de transações provenientes de diversos setores e indústrias, em valor e quantidade, entre abril de 2020 e março de 2021, de modo a identificar as tendências em vários setores da economia portuguesa em 2022.

Segundo o relatório, o valor total de transações de M&A em Portugal cresceu 15% no período acima descrito, relativamente a 2019, apesar de ter registado uma diminuição de 21% no número total de transações, no mesmo período. A aparente contradição atrás descrita pode ser justificada pelo aumento de peso das transações de maior dimensão no número e valor total. Comparativamente com 2019, as transações entre  €100 milhões e €500 milhões registaram um crescimento de 53%, em valor agregado, enquanto que as avaliadas acima de €500 milhões cresceram 52%, também, em valor agregado.

O estudo indica que o mercado português de M&A está alinhado com a tendência mundial e tem melhorado significativamente o seu posicionamento no meio empresarial internacional. Durante o primeiro ano de crise pandémica, a atratividade do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) nos países europeus diminuiu 13% em comparação com o ano anterior. No entanto, Portugal entrou no top 10 dos países mais atrativos para o IDE. 

Os líderes em investimento estrangeiro no mercado de M&A português, por número total de transações, entre 1 de abril de 2020 e 31 de março de 2021, foram Espanha e os Estados Unidos, apesar de terem registado uma queda de 27% e 54%, respetivamente, em comparação com o período análogo de 2019. França, Países Baixos e Reino Unido, ao invés de Espanha e Estados Unidos, registaram um aumento de 63%, 33% e 10%, respetivamente, por número de transações, comparativamente com 2019.

No que toca aos setores da economia portuguesa, os mais ativos no mercado de M&A, por número de transações, são o imobiliário, as tecnologias e telecomunicações, os serviços financeiros e seguros, o retalho e distribuição, o turismo, a hotelaria e restauração e a saúde. A maioria registou um declínio da atividade transacional, entre abril de 2020 e março de 2021, próximo dos 30%. Os mais resilientes foram os setores da saúde e da tecnologia, com quedas de 7% e 17%, respetivamente, por número de transações. 

Em termos de valor total de transações, o destaque vai para quatro setores:

  1. O setor de energia e energias renováveis, onde “num mundo apostado na descarbonização global da economia, Portugal continua a orientar as suas oportunidades de negócio para as energias renováveis, nomeadamente a energia solar, a energia eólica onshore e offshore e, em breve, o hidrogénio, isto para além da elevada capacidade de energia hidroelétrica já instalada. Graças à localização geográfica, ao clima e à razoável estabilidade fiscal do país, Portugal continua a ser atrativo para o investimento estrangeiro”.
  1. O setor do imobiliário e construção, no qual “Lisboa foi nomeada a 10ª cidade europeia mais atrativa para o investimento imobiliário em 2021, sendo expectável que Portugal continue a registar um dos maiores aumentos de preços no imobiliário, da Europa. O setor imobiliário português continuará, assim, a ser uma aposta segura, a longo prazo, para investidores estrangeiros.”
  1. O setor de tecnologia de telecomunicações, onde “enquanto responde às necessidades urgentes de digitalização do mercado, o setor de TMT português assistiu à criação do seu sexto unicórnio, a Sword, e desde junho de 2021, a Talkdesk, a Feedzai e a OutSystems movimentaram mais de € 500 milhões em investimentos, facto este que reflete não só a capacidade de Portugal para criar um ambiente propício para a retenção de talento, como a digitalização em curso da economia portuguesa.”
  1. Por fim, o setor de serviços financeiros e seguros, no qual “no que respeita ao meio bancário português e de acordo com os sinais disseminados pelo sistema bancário, deverá observar-se uma dinâmica de concentração na banca. Apesar da sua extrema necessidade de reduzir os custos de regulação e ganhar escala, tal não deverá ocorrer num futuro próximo. Uma das maiores operações de M&A de 2020 aguarda ainda a luz verde da entidade reguladora: a venda de 47,5% do Eurobic a Roger Tamraz, que ofereceu € 143 milhões com base nos capitais próprios do banco.”

O relatório conclui alguns possíveis fatores de aceleração do mercado de M&A em Portugal. Aqueles a que é dado destaque são: otimismo dos investimentos de capital de risco; operações pendentes e adiadas que vão se realizar; desvalorização de ativos, que vão gerar oportunidades de negócio e setores específicos que vão beneficiar da injeção de capital por via do PRR, tais como tecnologia e telecomunicações e infraestruturas.

Autor: Diogo Chaves

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