Lucros dos 7 maiores bancos portugueses atingem os 2 mil milhões de euros até setembro.

Com o encerramento do terceiro trimestre de 2022, os 7 maiores bancos nacionais divulgaram os seus resultados líquidos operacionais e há conclusões a retirar. O aumento dos juros contribuiu para um aumento da margem financeira das entidades bancárias bem como o aumento das comissões de manutenção de conta, que verificaram uma evolução positiva na maioria das instituições portuguesas.

Os lucros dos sete maiores bancos, sendo eles a Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI, Crédito Agrícola e Banco Montepio, somam 2.006,3 milhões de euros até setembro deste ano, o que compara com um valor de 1.172 milhões nos nove meses do ano passado. Estes resultados ditam assim um crescimento de lucros equivalente a 71,2%. 

De todos os bancos, o Crédito Agrícola foi o único grupo a registar uma queda de lucros face a setembro de 2021, tendo todos os restantes verificado um acréscimo de receitas.

Tendo em conta o ranking de lucros, o primeiro lugar é ocupado pela Caixa Geral de Depósitos com 692 milhões de euros consolidados até setembro, o que resulta numa subida de 61,3% face ao período homólogo. Segundo a CGD, o banco revelou que pela primeira vez a rentabilidade alcançou o custo do capital, obtendo um trade-off considerável e importante no seu reporte financeiro.

No segundo lugar do pódio surge o Novo Banco, com uma subida de 178% dos seus lucros no mesmo período. Para explicar os 428,3 milhões de revenue, o CEO, António Ramalho, explica que o menor registo de imparidades e provisões foi fundamental para o resultado líquido. Outro ponto importante para o aumento de capital foi a venda da sede do Novo Banco em Lisboa, que gerou um total de 71,5 milhões de euros.

Os bancos direcionam assim os seus resultados para um ano de lucros. Pode-se constatar o forte impacto das operações de tesouraria e atividade internacional proporcionado pelo BCE para o crescimentos das receitas dos diversos bancos nacionais. À exceção do BCP e da Caixa Geral, os restantes bancos ou registaram uma queda da margem, ou uma subida menos significativa do que o esperado, dado o contexto de subida dos juros do crédito e taxas dos depósitos em quase zero. Por exemplo, o NovoBanco que alavancou os seus lucros em 178% em relação ao mesmo período de 2021, a sua margem financeira reduziu-se em 5,6%. A situação é fundamentada através do fim das medidas expansionistas do Banco Central Europeu, que têm um impacto negativo imediato na receita de juros dos bancos, enquanto a subida da margem financeira por conta da escalada dos juros do crédito tem um impacto mais lento no produto bancário. 

Como se pode então justificar os lucros recorde dos 7 maiores bancos portugueses?

As taxas de juro e a sua incrementação tiveram um papel fundamental para o aumento dos lucros dos bancos nacionais. A adaptação por parte dos bancos e a reformulação da sua política de preços em relação às ordens do BCE, originaram uma melhoria gradual da sua margem financeira sobre os ativos ao longo do corrente ano. As comissões bancárias continuaram em escalada ao longo de todo o ano e o produto bancário, ou seja, o valor líquido gerado pelas operações de crédito, trading, juros e comissões, aumentou em 90% dos bancos em análise, com exceção do Santander Totta, que recuou 9%.

E a remuneração dos depósitos, é rentável garantir depósitos à banca como forma de poupança?

Pois bem, a resposta é não. Os cidadãos que atualmente se pretendem remunerar através da realização de depósitos, estão a perder bastante capital. A taxa de remuneração de capital em depósito é francamente reduzida e a questão parece cada vez menosprezada. Ao contrário do que acontece nos países do centro e norte da Europa, os portugueses mostram-se ainda muito conservadores na hora de investir o seu dinheiro e, desta feita, optam pela opção mais fácil e menos arriscada, embora menos lucrativa e geradora de capital.

Os lucros da banca podem ser então considerados lucros extraordinários ?

As receitas provenientes da banca atingiram um resultado considerável e quase duplicável em relação ao registado em setembro de 2021. Porém, em comparação com os setores de energia e distribuição, a demonstração de resultados das organizações bancárias fica muito aquém do que se verifica com estes setores. No entanto, o ritmo de crescimento dos resultados demonstra que estamos num ambiente extraordinário, embora não o suficiente para afirmar que os lucros são considerados extraordinários e que por sua parte devem ser taxados, tendo em conta as medidas implementadas pelo Governo em relação a esse tema.

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