As projeções da estimativa rápida que tinham sido disponibilizadas pelo INE vieram a confirmar-se, revelando que Portugal atingiu a maior taxa de inflação, desde março de 1993. A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu para 7,2%, em abril de 2022, quando, no mês precedente, havia sido de 5,3%.
Também o indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) acelerou, demonstrando um aumento de 1,2 p.p. de março para abril, registando agora uma variação homóloga de 5,0%.
Quanto ao índice referente aos produtos energéticos, a variação subiu para 26,7%, tendo sido de 19,8% no mês anterior, consistindo “o valor mais elevado desde maio de 1985”. Já o agregado relativo aos produtos alimentares não transformados apresentou uma variação de 9,4%, taxa superior em 3,6 p.p. àquela que tinha sido registada em março.
De acordo com o INE, o “Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português apresentou uma variação homóloga de 7,4%, novo valor mais elevado registado desde o início de série do IHPC, em 1996.” Assim, a taxa é superior em 1,9 p.p. à do mês precedente, ainda que fique a 0,1 p.p. do valor estimado pelo Eurostat para a zona Euro.
O fenómeno, que também não foi estranho a vários outros países da zona Euro, como Espanha e Alemanha, teve origem no fim de diversas restrições pandémicas (há cerca de um ano), tendo sido, mais recentemente, acentuado pela guerra na Ucrânia.
Decorrente do primeiro motivo, as políticas administradas pelos governos levaram a um excesso de procura e, simultaneamente, a um abrandamento da oferta, tendo como consequência o aumento dos preços. Por seu turno, a guerra provocou um aumento brusco dos preços da energia (petróleo e gás) e de alguns produtos alimentares.
Agora, interessa perceber quais serão as respostas dos governos a esta situação. Por um lado, o Banco Central Europeu (BCE) já anunciou a intenção de aumentar as taxas de juro, a partir de julho, a fim de conseguir travar o aumento generalizado dos preços. Por outro, o Governo Português avisou, através de Mariana Vieira da Silva, que está a acompanhá-la com cautela. “É preciso conhecer melhor este fenómeno e não criar medidas precipitadas que criaram apenas a ilusão de um acompanhamento do poder de compra”, assegurou a ministra da presidência.
Autor: Diogo Martins