“Lembre-se: Bitcoin não passa de um ativo altamente especulativo com um valor fundamental de ZERO!”, escreveu o economista da Universidade Johns Hopkins, Steve Hanke, num tweet a 20 de fevereiro.
A Bitcoin foi criada em 2008 e começou a ser negociada em 2009. Em 2011, a criptomoeda era adquirida a 67 cêntimos antes de uma subida exponencial para 327 dólares em novembro de 2015. Atualmente, a criptomoeda mais famosa do mundo está avaliada em mais de 1 bilião de dólares no mercado.
A Bitcoin é fortemente criticada por ser um ativo que não tem qualquer valor intrínseco e até os seus defensores têm conhecimento disso e concordam com a afirmação.
“Não existe qualquer valor fundamental ou inerente a nada”, escreveu Jim Harper ao contra-argumentar a afirmação de Hopkins. “As pessoas decidem por si mesmas o que valorizam com base nas suas próprias situações e planos. No geral, são elas que decidem o que é valioso, ou não, em toda a sociedade.”
Harper é um defensor da Bitcoin e a sua justificação relacionada com este tema baseia-se na “teoria subjetiva do valor”, uma teoria que explica que o valor de um produto não está relacionado com trabalho realizado, mas sim no que cada pessoa acha que o produto deve valer. Harper afirma que “é um insight de extrema importância não apenas para a economia, mas para a liberdade, progresso e humanidade em geral. Isto ocorre pois são necessárias decisões dos indivíduos sobre o que comprar e vender como a principal fonte de informação sobre o que deve ser comprado e vendido.”
A afirmação tem a sua lógica, mas a sua aplicação em todos os produtos é simplesmente irrealista. Ao contrário da Bitcoin, a gama de valores de certos objetos tangíveis como um carro, uma ponte, acessórios/peças de roupa é muito mais restrita do que a infinita gama de valores que as pessoas decidem atribuir à Bitcoin. Devemos ser subjetivos pois, como vemos, nenhuma outra métrica de avaliação se aplica.
Willem Buiter, ex-economista-chefe do Citigroup Inc. e professor na Universidade de Columbia, escreve que assim como o dólar e o euro, a Bitcoin é uma moeda fiduciária. A única diferença é que o dólar e o euro têm bancos centrais para a sua regularização e a Bitcoin, como as restantes criptomoedas, não é regulada e é um ativo meramente especulativo cujo seu valor é que os mercados dizem que é.
Como sabemos, o mercado reage com a chegada de novas informações e é influenciado por opiniões, não por fundamentos. As oscilações do mercado que levaram a uma reviravolta e a picos sem precedentes das ações da GameStop ($GME) são um exemplo disso e é algo que não mudará com o passar do tempo.
A Bitcoin continuará a ser um ativo com um valor intrínseco de zero, cujo valor de mercado pode ser muito elevado ou nada. “Apenas aqueles com apetite de risco saudável e uma capacidade robusta de absorver perdas devem considerar investir nisso”.
Autora: Margarida Fernandes | Fonte