Lufthansa: Uma nacionalização de sucesso

Tudo começou em 1926, quando foi fundada a Deutsche Luft Hansa. A companhia aérea resultou da fusão da emergente da companhia aérea Deutscher Aero Lloyd e da fabricante aérea também germânica Junkers Luftverkehr. A dimensão destas duas empresas era importante para o governo alemão e dessa forma, o governo interviu na gestão financeira das duas empresas até ser formada a tão conhecida Lufthansa.

Nesses tempos, o desafio principal da companhia aérea era comprar aviões que correspondessem com o plano da empresa, formar pilotos para voar e engenheiros que tivessem a capacidade de realizar a manutenção dos aviões. E assim começou o projeto, quando em 1955, dois Convair CV-440 descolaram de Hamburgo e Munique para começarem a prestar serviços aéreos.

Decorridas várias décadas em constante expansão e a lidar com várias crises de combustíveis, a companhia aérea introduziu várias mudanças na sua frota comercial através do surgimento do Boeing 747, que permitiu o transporte de mais passageiros e mais receitas para a organização. Em 1995 a Lufthansa Technik AG, a Lufthansa Cargo AG e a Lufthansa Systems GmbH foram transformadas em empresas independentes do grupo de aviação e, por outro lado, em 1997, a Lufthansa foi finalmente privatizada.

Nos anos 2000, a empresa dinamizou a sua frota para a América e adquiriu novas aeronaves de forma a otimizar tecnologias e a sua forma de consumir combustível nos seus serviços. A companhia enfrentou várias dificuldades dada a crise europeia em 2008, que impactou economicamente inúmeros países da Zona Euro como Portugal e o Estado Alemão, foi sempre acompanhando a situação financeira da companhia aérea.

Surgiram vários anos de recuperação de atividade e na introdução de uma nova década, em 2020, a Lufthansa e o Governo alemão chegaram a acordo sobre um plano de ajuda de 9 mil milhões de euros. O Estado tornou-se o primeiro acionista do grupo com 20% do capital, mas uma parte do investimento que não teria direitos de voto na empresa. Naquela altura, dados os problemas que a companhia enfrentava depois das viagens aéreas terem sido proibidas para travar a pandemia do novo coronavírus, o Estado alemão previa vender a participação de 20% na companhia até 2023.

Levantadas as restrições da COVID-19, as companhias aéreas retomaram lentamente a sua atividade e o governo foi reduzindo a sua presença na empresa para 14,09% em 2021 e 9,92% em julho.

Terminada toda a situação de instabilidade para a empresa público-privada, o Fundo de Estabilização Económica da República Federal da Alemanha (WSF) anunciou no passado dia 14 de Setembro que todas as ações restantes de sua participação na Deutsche Lufthansa AG foram vendidas a vários investidores por meio de um processo acelerado de venda de ações a um preço inicial determinado pela instituição pública. O WSF detinha pela última vez cerca de 6,2% do capital social da empresa (74,4 milhões de ações). 

A venda destas últimas ações rendeu 1,07 mil milhões de euros ao Estado, para quem a operação foi globalmente rentável, com um “saldo positivo de 760 milhões de euros”, depois do Estado ter aquirido 20% da empresa por 300 milhões de euros em ações.

Carsten Spohr, Presidente do Conselho Executivo e CEO da Deutsche Lufthansa AG, transmitiu a sua gratidão com o Estado e cidadãos alemães.

“Em nome de todos os funcionários da Lufthansa, gostaria de agradecer ao atual e anterior governo alemão e a todos os contribuintes alemães pelo seu apoio à nossa Lufthansa durante a crise financeira mais grave da história da nossa empresa. A estabilização da Lufthansa foi um caso de sucesso e proporcionou mais-valias ao governo alemão e, portanto, ao contribuinte. Já tínhamos reembolsado o valor equivalente ao empréstimo de estabilização mais cedo do que o previsto e o WSF também vendeu suas últimas ações um ano antes do prazo. Isso leva-me a transmitir que a estabilização da Lufthansa teve uma conclusão bem-sucedida. A Lufthansa está mais uma vez totalmente em mãos privadas. Todos os funcionários da Lufthansa espalhados pelo mundo continuarão a trabalhar duro para fortalecer a nossa posição entre os principais grupos de companhias aéreas mundiais, por um produto premium de base ampla e uma oferta de qualidade”, terminou.

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