Inflação volta a atacar os EUA

Nesta semana, a taxa de inflação americana atingiu máximos históricos em quase 31 anos. Isto repercutiu-se não só nos mercados financeiros, mas essencialmente nas mentes dos americanos. 

Devido a este facto, muitos comerciantes temem pelos seus lucros uma vez que os compradores poderão, eventualmente, começar a criar uma tendência para reduzir as suas compras aos bens estritamente essenciais. Toda esta situação levou a que uma firma financeira tenha vindo alertar que “o génio está fora da lâmpada”. 

Na passada sexta-feira, 12 de novembro, começaram a espalhar-se sinais de preocupações crescentes com a taxa de inflação dado que o Índice de Confiança do Consumidor da Universidade do Michigan caiu para o nível mais baixo desde há uma década.

Do outro lado, ou seja, nos mercados financeiros, estão os traders de taxas de juro que têm vindo a pressionar a Reserva Federal (FED) a dar uma resposta mais rápida para toda esta situação. Já os investidores têm afluído ao ouro, sendo que este é conhecido por ser um “Paraíso Tradicional” de preços elevados.

Temos ainda um terceiro lado, o do “Americano Comum”, que lamenta o aumento crescente de tudo o que se possa imaginar, indo de bilhetes para concertos até aos burritos tradicionais.

Os receios relativos à inflação têm vindo a expandir-se durante estes últimos meses, apesar de terem sido, muitas vezes, ofuscados pelas preocupações com o abrandamento da Economia, consequência da pandemia mundial que ainda hoje se enfrenta.

Derek Tang, um economista da Monetary Policy Analytics sediada em Washington, afirma que a maior preocupação neste momento é o risco de se cair num “círculo vicioso de feedback” entre a inflação real e as expectativas, já que caso este seja desencadeado, poderá ser difícil detê-lo.  

Equipara ainda esta dinâmica a um “interruptor que é difícil de desligar”, e constata que “há pouco ou nada que a Reserva Federal possa fazer” em resposta ao pensamento constante de preços crescentes na mente das pessoas.

“O génio da inflação saiu da lâmpada nos Estados Unidos”, disse a estratega da Société Générale, Subadra Rajappa, por via telefónica, após o relatório do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), da passada quarta-feira, referente a outubro. “Estamos a começar a ver uma inflação mais persistente, de base ampla, a tomar o controlo e vem de fontes muito mais permanentes e pegajosas. O risco é que, se os políticos que tomam decisões na FED esperarem demasiado tempo, terão de bombear os travões muito mais depressa, ameaçando a recuperação.”

Numa outra nota de sexta-feira passada, Rajappa e outros escreveram que a incerteza envolta da possível resposta dos decisores políticos “está a tornar mais difícil de negociar nos mercados”. Por enquanto, disseram, “os mercados estão a pressionar para um ciclo de aperto mais rápido, seguindo o recuo humilde dos bancos centrais, na semana passada”.

O relatório de outubro, referente ao CPI, mostrou que a taxa de inflação anual acelerou para 6,2%, a mais alta desde novembro de 1990, em função do aumento dos custos de tudo, desde o gás até ao arrendamento e cuidados médicos. Foi o sexto mês consecutivo de leituras anuais com valores iguais ou superiores a 5%, mais do dobro do objetivo do FED de 2%.

A subida da inflação, juntamente com a crença crescente entre os consumidores de que não estão a ser desenvolvidas políticas eficazes para a combater, foi identificada como o grande fator por detrás da queda no relatório da Universidade do Michigan. 

O “Americano Comum” não teve de se preocupar com uma inflação elevada durante décadas, e, muitos comerciantes não estavam vivos durante a era da estagflação dos anos 70. Como resultado, um grande número de pessoas foram apanhadas desprevenidas pela força das recentes subidas de preços.

Investidores como Jay Hatfield, da Infrastructure Capital Advisors, juntamente com a economista chefe da Stifel, Lindsey Piegza, dizem que o FED “perdeu o controlo” da inflação. 

Grandes empresas como a gigante das obrigações PIMCO estão a avisar que a taxa principal de CPI deverá atingir 7% ao longo dos próximos meses.

Enquanto isso, a Reserva Federal mantém a sua opinião inicial, dada na declaração política a 3 de novembro, de que se espera que as pressões inflacionistas provem ser transitórias.

Autora: Bruna Pereira

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