Portugal é o país com pior literacia financeira da Zona Euro

Portugal é o país da Zona Euro com pior literacia financeira. De acordo com o artigo “A comunicação do BCE com o público em geral”, publicado no dia 13 de janeiro pelo Banco Central Europeu (BCE), Portugal está na pior classificação na avaliação de literacia financeira da população geral, levada a cabo pela Standard & Poor’s no seu relatório Financial Literacy Around the World

Segundo a agência de rating, apenas 26% dos adultos portugueses são financeiramente letrados. Segundo a mesma fonte, os países que apresentam melhores resultados são os do Norte da Europa, com a Alemanha e os Países Baixos a ter 66% da sua população com bons níveis de literacia financeira. A média da Zona Euro está em 49%. 

Fonte: Standard & Poor’s Ratings Services Global FinLit Survey

O inquérito, destinado a 150.000 adultos em 148 países, consistiu em avaliar cinco dimensões de compreensão financeira: diversificação do risco, inflação, aritmética e juros, e juros compostos. Para compreender as questões colocadas aos portugueses participantes no inquérito, e sendo a MeuCapital uma plataforma promotora da literacia financeira, enunciaremos as perguntas e as respetivas soluções: 

  • Diversificação de risco

“Supõe que tens algum dinheiro. É mais seguro colocar o dinheiro em apenas um negócio ou investimento, ou colocá-lo em vários negócios ou investimentos?” 

A resposta a esta pergunta seria investir em vários negócios e investimentos, porque o processo de investir numa variedade de setores e dentro de um portfólio garante que, mesmo que alguns ativos tenham um mau desempenho, outras áreas do portfólio associadas a diferentes setores possam cobrir a perda. 

  • Inflação

“Supõe que nos próximos 10 anos os preços dos bens e serviços que compras duplicam. Se os teus rendimentos também duplicarem, poderás comprar menos do que podes comprar hoje, o mesmo do que podes comprar hoje, ou mais do que podes comprar hoje?”

A resposta correta seria que, é possível comprar o mesmo que hoje. Nos últimos tempos o conceito de inflação tem aparecido mais nas notícias, uma vez que, o fenómeno está mais visível no nosso dia a dia. Em termos simples, a inflação consiste na taxa de aumento dos preços num determinado período de tempo. Se todos os bens que compramos duplicarem o seu preço, mas o nosso rendimento também duplicar no mesmo período, seríamos capazes de comprar exatamente os mesmos bens.

 O problema acontece quando os rendimentos não sobem tanto como o preço dos bens. Aí dá-se uma perda de poder de compra por parte do consumidor.

  • Aritmética e juros

“Supõe que precisas de pedir 100 dólares americanos emprestados. Qual é o menor valor a pagar de volta: 105 dólares americanos ou 100 dólares americanos mais 3%?”

O menor valor a pagar aqui seria 100 dólares mais três por cento, uma vez que num empréstimo com taxa de juro de 3% o pagamento seria de 100 euros, sendo este o capital emprestado, mais 3% multiplicado pelos 100 euros, o que daria 103 euros no total. Assim, a taxa de juro define-se como a taxa exigida por um financiador, como por exemplo um banco, e corresponde a uma percentagem aplicada ao montante que é pedido emprestado. 

  • Juros compostos

“Supõe que colocas dinheiro a render no banco por dois anos, e este concorda em adicionar 15% ao ano à tua conta. O banco adicionará mais dinheiro à tua conta no segundo ano do que no primeiro ano, ou adicionará a mesma quantia em ambos os anos?”

A verdade é que, pelo efeito dos juros compostos, o banco adicionará mais do que no primeiro ano à tua conta. Supondo que neste exemplo colocas 100 euros no banco, no final do primeiro ano terás 100 euros mais 15 euros (resultante de 100 euros multiplicado por 15%). No final do segundo ano, o banco adiciona 15% dos 115 euros que já somarão na conta, ou seja, enquanto no primeiro ano adiciona 15 euros, no segundo acrescenta 17,25 euros (115 euros multiplicados por 15%). 

Expostas as perguntas e respetivas respostas, a dúvida que resta agora é: o que é feito em Portugal para tentar alterar os nossos maus resultados?

Em 2013, o Governo aprovou o “Referencial de Educação Financeira para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e a Educação e Formação de Adultos” em Portugal. O Ministério da Educação e Ciência (MEC), está, em conjunto com o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF), a desenvolver e concretizar o Plano Nacional de Formação Financeira que visa contribuir para melhorar os conhecimentos e comportamentos financeiros da população em geral.

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto, criou um projeto chamado “No Poupar Está o Ganho”, que, ao longo dos últimos 12 anos, já chegou a 40 mil crianças de 40 municípios de Portugal. Os principais objetivos deste projeto são o desenvolvimento de hábitos de poupança, promover a educação financeira junto de crianças e jovens, e promover o consumo responsável. 

No digital, e com o lema “sabemos que apenas podemos investir se, primeiro, soubermos como poupar”, a MeuCapital, pretende ajudar os portugueses a obter mais e melhor informação financeira. Para além de contar com um glossário de termos financeiros, e um manual de poupança, apresenta também artigos diários, como este, onde os temas mais recentes do mundo financeiro são partilhados e explicados de uma forma simples e atrativa para um público mais jovem.  

Autor: Francisco Castro Silva

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