WhatsApp cessa linha de ajuda Talibã em Cabul

Durante vários meses, o WhatsApp não prestou qualquer tipo de atenção à forma como o grupo Talibã usava o serviço de mensagens para conseguir os seus objetivos e, por isso, tanto a aplicação como outras plataformas de social media, têm sido fortemente “atacadas” por críticos nos Estados Unidos da América, por não agirem nem tomarem medidas.

O WhatsApp encerrou uma linha de ajuda criada por Talibãs e outros canais oficiais quando invadiram e assumiram o controlo da capital do Afeganistão, Cabul, após a aplicação de mensagens instantâneas para smartphones ter sido fortemente pressionada para proibir o grupo insurgente de utilizar os seus serviços.

A linha de ajuda tinha como objetivo ajudar pessoas a denunciar assaltos, violência ou qualquer outro tipo de problemas. 

Depois de tomarem controlo da capital, os Talibãs prometeram que não haverá “vingança” e pretendem criar um governo estável, de modo a não prejudicar a “vida, propriedade e honra” dos cidadãos, incluindo os direitos das mulheres, dentro das normas do Islão.

O Facebook, dono da aplicação WhatsApp, afirmou que bloqueou esse número esta semana, assim como outros “canais oficiais Talibã”, acrescentando que a sua equipa, composta por funcionários nativos e fluentes em Dari e Pashto (línguas oficiais e mais amplamente faladas no Afeganistão), estão a “ajudar a identificar e alertar sobre os problemas emergentes na plataforma”.

No entanto, analistas e especialistas da região afirmam que encerrar essa linha de emergência foi “absurdo” e “inútil”, visto que o grupo militar tomou posse do país, pondo toda a sua população em pânico.

“Se os Talibãs de repente não puderem usar o WhatsApp, vocês estão apenas a isolar os cidadãos afegãos, tornando-se muito mais difícil para eles comunicarem qualquer situação”, disse Ashley Jackson, ex-assistente da Cruz Vermelha no Afeganistão e autora de um livro sobre os Talibãs e a sua relação com os civis afegãos.

A liderança do grupo prestou atenção às queixas e reclamações dos cidadãos, de forma a manter a calma e ordem, segundo ativistas e académicos.

“Há muito se sabe que o grupo Talibã tem essas linhas de apoio, foram eles que as anunciaram por todo o país, em resposta a notícias ou reclamações de ONGs, porque, se há coisa que eles estão a fazer, é tentar manter a lei e a ordem”, comentou Jackson. 

“Eu sei que parece improvável que isso possa realmente ajudar, mas nesta situação realmente bizarra, os civis precisam de todos os recursos que puderem, e este é um deles”. 

Um exemplo disso é Masuda Sultan, uma empresária afegã-americana e fundadora de uma organização sem fins lucrativos, “Mulheres para Mulheres Afegãs”, que enalteceu a linha direta de emergência, após o seu escritório ter sido assaltado por 30 criminosos autodenominados de Talibãs. Sultan afirmou no Twitter que “a comissão de reclamações está a pedir para falar com eles e virá ao nosso escritório em breve”. 

Anunciada em 2016 na cidade de Kunduz, esta linha de ajuda já foi usada por inúmeras ONGs e pela ONU como forma de reclamar e recuperar bens que foram roubados, como por exemplo, equipamentos médicos.

O Facebook respondeu que “os Talibãs foram sancionados como organização terrorista pela lei dos EUA e, como tal, expulsámo-los dos nossos serviços. Assim, removemos contas mantidas por ou em nome dos Talibãs e proibimos elogios, apoio e qualquer representação do grupo”. 

“Somos obrigados a cumprir as leis de sanções dos EUA”, disse um porta-voz do WhatsApp na terça-feira, via e-mail. “Isso inclui a proibição de contas que aparentam apresentar-se como contas oficiais do grupo Talibã. Estamos à procura de mais informações relevantes das autoridades norte-americanas, dada a evolução da situação no Afeganistão.”  

Tanto o Facebook como outras plataformas de social media têm o direito de remover publicações que violem os seus termos e condições de serviços. As proteções relativamente à liberdade de expressão sob a Primeira Emenda aplicam-se unicamente ao discurso de censura do governo.

Autora: Margarida Fernandes  

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