Warren Buffett ainda está bastante ativo, mesmo ainda nos 90 anos e continua determinado em continuar a guiar a sua empresa Berkshire Hathaway no pós-pandemia.Todos os anos Warren Buffett escreve uma carta aos acionistas da sua empresa (link no final do artigo), tendo sido enviada há uns dias. Nessa carta fala das virtudes e também dos defeitos do seu conglomerado.
Apesar dessa carta, muitos esperavam mais notícias, como uma grande aquisição, críticas às criptomoedas ou SPACs, anunciar o seu sucessor, mas nada disso aconteceu. Em vez disso, houve uma análise da situação norte-americana através das empresas controladas pela Berkshire, houve alguns elogios ao investimento da Berkshire na Apple e uma recompra de ações de 24,7 mil milhões de dólares.
Além disso, foi anunciado que a reunião anual da Berkshire será em Los Angles este ano, o que pode levar Buffett e Munger a poderem aparecer juntos ao contrário do ano passado. Mas, como a reunião é virtual, a mudança na geografia não é particularmente importante para os acionistas da Berkshire. Será transmitida na Yahoo Finance no dia 1 de maio.
Foi um ano relativamente tranquilo para o Warren Buffett. Mas começam a surgir as conversas sobre o sucessor dele, já que Warren ainda não deu qualquer indicação sobre quem será. No ano passado, a única pessoa que estava ao lado dele em público era um VC da Berkshire, Greg Abel. Há ainda a possibilidade de também ser o outro VC da Berkshire, Ajit Jain.
Comparando os dois, Abel leva uma vantagem, devido à sua idade (58, enquanto Jain vai fazer 70) e também tem mais experiência no que toca a aquisições e merges, além de que 80% do lucro do conglomerado provém das ações não financeiras que Abel supervisiona. Há ainda outro candidato, que é o gerente de investimentos da Berkshire, apesar de não estar no mesmo nível que os outros dois.
Warren Buffett já tem um plano sobre quem será o seu sucessor há muito tempo. Ele próprio afirmou numa entrevista em 2012 que se ele morresse amanhã, haveria um novo CEO e que se essa pessoa não estivesse disponível haveria outra pessoa já escolhida”. Além disso, ele deve ser o CEO que teve mais tempo para pensar no seu sucessor na história dos negócios.
Já afirmou inúmeras vezes que o próprio não é insubstituível. E a questão da sucessão até parece ser uma estratégia de Buffet para atrair mais atenção para a Berkshire. Isso será uma jogada de génio por parte dele. Mas as pessoas preocupam-se com uma guerra interna na Berkshire, mas será mais do que provável que a transição de poder seja feita de maneira tranquila e pacífica, como na Apple com o Steve Jobs a passar o testemunho a Tim Cook. Claro que até lá o mais provável é que Warren fique mais alguns anos no ativo, fazendo com que a especulação ainda dure por mais algum tempo.
Em relação à carta aos acionistas, já se tornou quase uma tradição de Fevereiro para quem acompanha a Berkshire. Muitos estavam interessados em saber o seu ponto de vista sobre os temas mais falados do momentos, como a GameStop, Robin Hood, Black Lives Matter e o racismo institucional, o ressurgimento das criptomoedas, além de comprar de volta as suas ações.
Buffet não se pronunciou muito sobre a Robinhood (ao contrário do seu colega Charlie Munger que fez uma série de críticas) apesar de ainda poder falar sobre isso na reunião de 1 de maio. Mas a carta contém toda uma análise profunda e um pensamento crítico sobre a atualidade. Aquilo que se destaca mais na carta é a perspicácia de Warren Buffett, algo muito próprio dele que é a combinação de ter razão com a sua inteligência.
Não é comum ver pessoas que tomam decisões acertadas e que também são espertas, pois normalmente pessoas espertas tomam decisões incorretas. Pessoas como o Bill Gates, Rockefeller, até o Mark Zuckerberg partilham da mesma sabedoria. Mas as redes sociais tornaram fácil a explosão de críticas e desvalorizaram todas as suas conquistas, apesar de ainda haver muitas pessoas que respeitam e admiram as suas conquistas.
Por fim, numa recente entrevista, Warren Buffett disse que ele e o seu colega Charles Linden têm sempre o mesmo modelo de negócio: “Qual é a coisa estúpida que podemos fazer aqui?” e “Se é isso, como o podemos evitar?” Tão simples, mas tão eficaz.
Portanto, esperemos que Warren Buffett continue a espalhar a sua sabedoria e conhecimento por muitos mais anos.
Autor: Afonso Silva / Fonte
