Um Retrato Preocupante dos Jovens Portugueses

A mais recente investigação da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da PRM Market Intelligence, intitulada «Os jovens em Portugal, hoje», teve como população-alvo  “2,2 milhões de jovens, entre os 15 e os 34 anos, residentes em Portugal” e como principal objetivo aprofundar o conhecimento sobre “quem são, como pensam e como se sentem”. O estudo revela um retrato desconcertante sobre os mesmos e espera contribuir para “gerar um debate construtivo e uma reflexão crítica sobre a situação e o papel dos jovens na sociedade portuguesa”. 

Segue-se um retrato de quem são:

O que pensam

Cerca de 34% dos jovens estão dispostos a mobilizar-se dentro de Portugal, apesar de a disponibilidade daqueles que moram numa vila, aldeia ou quinta se mudarem para uma grande cidade ser superior ao movimento contrário. Cerca de 30% têm a certeza que iriam viver para o estrangeiro, apesar de se registar uma menor disponibilidade das jovens em relação aos jovens de se deslocarem para fora do país. É, também, de notar que quanto mais alto o grau de ensino, maior a disponibilidade média dos jovens de se mobilizarem dentro do país. No que se refere à mobilidade para o estrangeiro, a relação dir-se-ia, por outro lado, inversa.

Quanto ao mercado de trabalho, cerca de 79% dos jovens concordam com a afirmação: “Para quem está agora a entrar no mercado de trabalho, há cada vez menos oportunidades de arranjar emprego”. No mesmo estudo foi, ainda, pedido que ordenassem e classificassem a importância de nove aspetos essenciais para um trabalho ideal. Os dois fatores destacados foram “ter um bom salário” e “poder conciliar bem o trabalho com a vida pessoal”, com cerca de 66% e 55% dos jovens, respetivamente, a colocá-los numa das três primeiras posições. 

Por último, 53% dos jovens dizem votar sempre que há eleições e, enquanto que 35% dos jovens do sexo masculino consideram situar-se à direita do espetro político, 26% posicionam-se à esquerda. Por outro lado, as jovens tendem para o sentido oposto, com 33% que se diz de esquerda contra 26% de direita. 

Formação

Entre os jovens que dizem já ter terminado os seus estudos, 19% têm uma licenciatura e 13% um mestrado. A grande maioria (35%) apenas possui o ensino secundário. Dos que não completaram o ensino superior, 46% apontam como principais motivos para tal, razões económicas, mais especificamente “falta de dinheiro para poder estudar” e “necessidade de trabalhar para manter a família”. Entre aqueles que estudam, 41% estão no ensino superior, enquanto a maioria está a terminar o ensino secundário (48%). Do grupo de jovens ainda no ensino básico ou secundário, 77% têm intenção de frequentar o ensino superior e os restantes 23% referem, também, motivos económicos como impedimentos determinantes à continuação dos estudos. Note-se que 80% dos jovens nunca estudaram fora do país. 

Trabalho pago

A idade média com a qual os jovens em Portugal iniciam o primeiro emprego é aos 19 anos e são ainda menos de 10% aqueles que já trabalharam no estrangeiro por, pelo menos, 2 meses. Cerca de sete em cada dez jovens já não estudam e têm trabalho pago, enquanto um em cada quatro estudantes trabalha para poder pagar os seus estudos. É, também, relevante notar que só metade dos que trabalham por conta de outrem têm trabalho efetivo. Na verdade, o retrato mais desconcertante está relacionado com os salários que oferecem baixas perspetivas a esta futura geração. Sendo, em geral, os ordenados pouco atrativos em Portugal, os dos jovens não fogem à regra. São à volta de 72% os que recebem menos de 950€ líquidos por mês, sendo que a maioria (30%) recebe entre 601€ e 767€/mês. Para além do mais, 52% sentem-se “aborrecidos” ou “desiludidos” com o trabalho e 38% deles pensam todos os dias em deixar o trabalho. 

Autor: Diogo Chaves

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