Transações de private equity Europeias atingem novo recorde anual

Os três primeiros trimestres de 2021 criaram o melhor ambiente possível de sempre para os negócios de private equity (PE). Estes foram impulsionados por mercados de empréstimos fortemente alavancados, empresas interessadas em vender, uma elevada quantidade de dinheiro não gasto à espera de ser investido pelas PEs (dry powder), e um estímulo abundante dos bancos centrais. Um em cada três negócios foram fechados, tanto na região do Reino Unido e Irlanda, como no conjunto: produtos comerciais & setor dos serviços.

No terceiro trimestre de 2021, fecharam-se cerca de 5.492 transações, no valor de 548,7 mil milhões de euros, batendo o recorde anterior de 4.511 operações estabelecidas, em 2019, e 493,4 mil milhões de euros em valor de negócios realizados, em 2018; e, claro, ainda nos resta um trimestre.

Os três maiores trimestres de sempre em atividade comercial de PEs ocorreram em 2021, e é evidente que o volume de negócios, não a dimensão de cada transação, está por detrás do valor recorde de transações este ano.

Os principais motivos para esta explosão de atividade podem ser descritos e explicados da seguinte forma:

Primeiro, os mercados de empréstimos fortemente alavancados foram estimulados tanto pela procura de rendimento por parte de investidores institucionais, como pelo estímulo monetário sem precedentes dos bancos centrais.

Segundo, as oportunidades de negócio aumentaram à medida que vendedores, tais como equipas e ligas desportivas, que anteriormente recusavam capital de private equities, se tornaram recetivas a esta oferta, devido ao impacto da pandemia nos fluxos de caixa da indústria do desporto. Nestes casos, os vendedores com mais interesse na transação também quiseram tirar partido do ambiente de valorização benéfico.

Terceiro, o aumento do dry powder da indústria significou que os patrocinadores tinham capacidade para adquirir empresas de forma agressiva.

Finalmente, as enormes injeções fiscais governamentais e vacinas mantiveram a economia e os mercados europeus relativamente estáveis, o que foi relevante para a realização do número recorde de transações. A título de exemplo, o desemprego continua a cair na UE, rondando cerca de 7,6% no terceiro trimestre e, de acordo com o Banco Central Europeu (BCE), o crescimento do PIB deverá atingir os 5,0% em 2021. Entretanto, mais de 70,0% dos adultos na UE já foram totalmente vacinados.

Olhando para o futuro, é esperado que a atividade de realização de negócios abrande no último trimestre do ano por outros motivos, não menos importantes: Em primeiro lugar, muitos gestores de fundos de private equity acreditam que atingimos o pico da atividade de negociação de participações privadas e que o investimento deverá começar a normalizar-se após três trimestres fenomenais.

Em segundo lugar, os dealmakers estarão atentos a uma inflação mais elevada a longo prazo, à aceleração da variante Delta à medida que nos aproximamos do inverno e a um maior aperto da política monetária e fiscal.

Outros fatores, também explicativos, incluem estrangulamentos nas cadeias de abastecimento, o aumento dos custos das matérias-primas, e o tom aguerrido dos banqueiros centrais – especialmente do Banco de Inglaterra (BoE), que, recentemente, alertou para o crescimento da relevância do argumento de aumento das taxas de juro em resposta a uma inflação galopante.

É também importante observar a atividade de saída e de angariação de fundos destas firmas de capital de risco e investimento privado:

O fecho de saídas de participações privadas europeias continua a acelerar, estabelecendo novos registos trimestrais e anuais. No terceiro trimestre de 2021, 425 saídas constituíram um valor aproximado de 126,4 mil milhões de euros, marcando, em termos anuais, aumentos de 96,0% e 202,8%, respetivamente.

A angariação de fundos, por sua vez, durante o terceiro trimestre de 2021, abrandou ligeiramente a partir de um primeiro semestre do ano explosivo. No terceiro trimestre, 104 fundos de private equity angariaram um valor agregado de 88,3 mil milhões de euros, colocando 2021 a caminho do seu total anual mais baixo desde 2012, podendo atingir valores à volta dos 100,0 mil milhões de euros no final do ano, tendo em conta os vários grandes fundos no mercado.

Concluindo, estamos perante um grande ano para as firmas de private equity europeias, assim como para as operações de fusões e aquisições que têm impulsionado estes fortes resultados.

Autor: Diogo Chaves

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