As fortes vendas trimestrais da Tesla levaram Wall Street a elogiar a empresa de Silicon Valley, referindo a forma positiva como a mesma está a enfrentar a contínua escassez de chips e peças.
Na passada sexta-feira, dia 2 de julho, a firma de Elon Musk disse que produziu 206.421 veículos no segundo trimestre, dos quais entregou 201.250, valores que representam um recorde para a empresa e que estão praticamente em linha com as previsões dos analistas.
“As nossas equipas têm feito um excelente trabalho na maneira como navegam pela cadeia de abastecimento global e gerem os desafios de logística”, disse a Tesla num comunicado.
O analista Joseph Spak da RBC Capital concordou: “De forma encorajadora, a produção superou as entregas e subiu (trimestre a trimestre)”, demonstrando que a empresa tem sido capaz de satisfazer a procura, mesmo convivendo com a falta de materiais.
“Relativamente à escassez de semicondutores, o pior pode já ter passado para a Tesla”, embora a chave esteja na forma como serão geridos quaisquer outros problemas de fornecimento adicionais que possam surgir (ou continuar) ao longo do ano, disse Joseph.
As ações da Tesla oscilaram entre ganhos e perdas após as notícias de vendas e produção. As ações caíram 4% desde o início do ano, contrastando com os ganhos de cerca de 16% do índice S&P 500.
Recentemente, houve algumas preocupações com as vendas da Tesla na China, onde a empresa enfrentou reações negativas relativamente à forma como lidou com as reclamações dos consumidores. De referir ainda que a concorrência dos fabricantes de veículos elétricos chineses é cada vez mais feroz.
Também na sexta-feira, a rival Li Auto Inc. ($LI) relatou vendas recordes em junho e no segundo trimestre referentes ao seu SUV Li One, e foram registados mais de 10.000 novos pedidos para o modelo, disse a empresa.
Para Gene Munster da Loup Ventures, os números das vendas e produção trimestrais “são mais uma evidência de uma verdadeira história de crescimento”, combinando “a vontade por parte do consumidor em comprar veículos elétricos e a fórmula vencedora da Tesla em termos de performance e qualidade dos seus produtos”.
A empresa está também encaminhada para igualar ou superar as expectativas de vendas que Wall Street tem para o ano, como afirma Gene. A empresa entregou 386.000 veículos nos primeiros seis meses, e o consenso para o ano gira em torno de 853.000.
Normalmente, a Tesla vende entre 55% e 59% dos seus veículos no segundo semestre do ano, “o que implica que a empresa se prepara para entregar entre 850.000 e 900.000 veículos este ano”, disse ele.
A Tesla não forneceu uma orientação de vendas específica para 2021, tendo dito em abril que planeia aumentar a sua capacidade de produção “o mais rápido possível” e que, num horizonte plurianual, espera atingir um crescimento médio anual na casa dos 50% nas entregas de veículos. “Existirão anos em que podemos crescer mais rápido e contamos que 2021 seja um deles ”.
A Tesla “preparou-se para o crescimento do mercado de veículos elétricos nos últimos dois anos, expandindo a sua produção em vários locais”, disse Karl Brauer, analista da iSeeCars.com. “O esforço está a ser recompensado, visto que os incentivos do governo e a procura por VEs aumentaram nos maiores mercados do mundo.”
Além disso, os custos da Tesla encontram-se provavelmente em queda à medida que o volume aumenta, o que significa que a empresa está bem posicionada para o curto e para o longo prazo, disse o mesmo.
Autor: Pedro Manuelito