No passado dia 17 de março, Portugal foi novamente em busca de financiamento junto dos investidores. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) tinha como objetivo arrecadar 1.500 milhões de euros e a meta foi atingida com uma taxa de juro negativa recorde.
A emissão de Bilhetes do Tesouro (BT) decompôs-se em duas partes: 500 milhões de euros com um prazo de seis meses e os restantes 1000 milhões com uma maturidade de um ano.
Contrariando a tendência de subida das taxas de juro da dívida pública que se registou nos mercados internacionais durante os primeiros meses deste ano, o Estado português conseguiu, na dívida emitida a 12 meses, financiamento a uma taxa de juro negativa de -0,527%, valor recorde que originou uma procura 2,87 vezes superior ao valor de dívida emitido e que é inferior à taxa de -0,524% para a dívida emitida, com o mesmo prazo, em fevereiro.
Na dívida emitida a seis meses, o instituto liderado por Cristina Casalinho conseguiu uma taxa de juro de -0,552%, tendo a procura sido 3,38 vezes superior ao valor do montante colocado.
A taxa representa uma ligeira subida face aos -0,554% relativos à dívida, com a mesma maturidade, emitida em janeiro.
Mas o que significa afinal emitir dívida com taxas de juro em terreno negativo?
A regra é trivial: “quanto mais caro se comprar uma obrigação, menor será o rendimento obtido.”, explica André Gouveia, analista financeiro.
Na prática, significa que os investidores pagam para emprestar o seu dinheiro. Ao comprarem dívida nos moldes descritos acima, o retorno que os investidores têm é inferior ao custo do seu investimento.
A principal razão para o fazerem é porque especulam que as taxas vão descer ainda mais e que, consequentemente, os preços dos bilhetes do Tesouro vão aumentar, podendo assim vendê-los no fim da maturidade com ganho.
Autor: Pedro Manuelito | Fonte: Jornal Económico