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Maior upgrade da Bitcoin em 4 anos: O que mudou?

A primeira atualização da Bitcoin em quatro anos chama-se “Taproot” e acaba de ser implementada.

A actualização Taproot traz consigo algumas mudanças e traduz-se nomeadamente em maior privacidade e eficiência nas transações.  Irá desbloquear o potencial para os chamados contratos inteligentes ou smart contracts, que podem ser utilizados para eliminar os intermediários das transações. 

É um raro momento de consenso entre todos os interessados, e é um grande negócio para a criptomoeda mais popular do mundo. 

“A Taproot é importante, porque abre um leque de oportunidades para empresários interessados em expandir a utilidade da Bitcoin“, disse Alyse Killeen, fundadora e sócia-gerente da empresa Stillmark.

Ao contrário da atualização de 2017 da Bitcoin – referida como a “última guerra civil” devido à divisão ideológica que separava os interessados – a Taproot tem um apoio consensual quase universal, em parte porque estas mudanças envolvem melhorias bastante incrementais do código.

Quais as mudanças com esta implementação?

Uma grande parte da transformação da Bitcoin está relacionada com assinaturas digitais, que são como a impressão digital que um indivíduo deixa em cada transação.

Neste momento, a Bitcoin utiliza algo chamado “Elliptic Curve Digital Signature Algorithm“, que cria uma assinatura a partir da chave privada que controla uma carteira de Bitcoin, e assegura que a Bitcoin só pode ser utilizada pelo proprietário legítimo.

A Taproot acrescentará algo conhecido como assinaturas Schnorr, o que essencialmente torna as transações com várias assinaturas ilegíveis, segundo o miner de Bitcoin Alejandro De La Torre.

Não se traduzirá apenas num maior anonimato para o endereço individual de um utilizador de Bitcoin na blockchain, mas também tornará as transações simples indistinguíveis daquelas que são mais complexas e compostas de múltiplas assinaturas. 

Na prática, isso significa maior privacidade, porque as suas chaves não terão tanta exposição na cadeia. “Pode esconder um pouco melhor quem somos, o que é bom”, disse Brandon Arvanaghi, engenheiro de mineração de Bitcoin, que agora dirige a Meow, uma empresa que permite a participação de empresas corporativas em mercados de criptografia.

Contratos inteligentes (Smart Contracts)

Estas assinaturas são também uma mudança para os contratos inteligentes, que são acordos automatizados que existem na blockchain. Os contratos inteligentes podem teoricamente ser utilizados para praticamente qualquer tipo de transação, desde o pagamento da renda todos os meses, até ao registo do veículo.

A Taproot torna os contratos inteligentes mais baratos e mais pequenos, em termos do espaço que ocupam na blockchain

“O mais importante para a Taproot são contratos inteligentes”, disse Fred Thiel, CEO da Marathon Digital Holdings, especialista em mining de criptomoedas. Refere ainda:
“É já o principal motor da inovação da Ethereum. Os contratos inteligentes dão-lhe essencialmente a oportunidade de construir realmente aplicações e negócios na blockchain“.

De acordo com Katherine Dowling, conselheira geral e chefe de conformidade da Bitwise Asset Management, em comparação com a Ethereum “a Bitcoin tem sido historicamente muito mais limitada na acomodação de smart contracts“. “Mas, embora a Bitcoin provavelmente nunca será tão flexível como a Ethereum do ponto de vista de smart contracts, com a Taproot essa lacuna irá agora diminuir”. Isto provavelmente levará a um aumento das aplicações da Bitcoin no dia-a-dia

Apesar de Dowling descrever esta alteração como uma grande vantagem, existe o facto de poder gerar uma maior preocupação dos Governos relativamente à Bitcoin e atividades ilegais como a evasão fiscal ou a lavagem de dinheiro..

À medida que mais programadores constroem contratos inteligentes, a Bitcoin pode tornar-se cada vez mais relevante no mundo DeFi, ou finanças descentralizadas, um termo utilizado para descrever aplicações financeiras concebidas para excluir os intermediários.

Porque só agora?

Embora a comunidade Bitcoin tenha concordado em bloquear a atualização em Junho, o lançamento em si só aconteceu em Novembro.

O atraso de dois meses foi concebido para dar tempo suficiente para testar e reduzir a probabilidade de algo correr mal durante a atualização.

“As atualizações permitem a possibilidade, embora remota, de ocorrer um bug no sistema, o que destruiria a confiança em todo o sistema de criptomoedas, eliminando-o definitivamente” disse Jason Deane, um analista da Quantum Economics.

Deane diz que é por isso que os processos de atualização são cuidadosamente testados e controlados durante longos períodos de tempo.

Muitos utilizadores na comunidade ainda se lembram da migração desastrosa de 2013, quando uma atualização que correu mal resultou na divisão temporária da Bitcoin em metade.

Autores: Tiago Amarante e Maria Resendes

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