Cerca de sete em cada 10 famílias portuguesas têm dificuldades financeiras e há um dado que preocupa: as despesas com a alimentação.
De acordo com um barómetro divulgado na passada quarta-feira pela DECO Proteste, tornou-se público que cerca de sete em cada 10 famílias portuguesas (74%) revelam ter passado por dificuldades financeiras no ano de 2022.
De entre os dados analisados, percebe-se que foi nas despesas com a alimentação que se fizeram sentir as maiores necessidades financeiras, com um aumento de 15%, seguindo-se as despesas com a habitação (5%) e a mobilidade (4%).
Neste plano, a DECO Proteste refere no seu estudo que “cerca de três quartos (74%) das famílias enfrentam, mensalmente, dificuldades financeiras, sendo que 8% se encontram em situação crítica: têm dificuldade em pagar todas as despesas ditas essenciais (mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação)”.
De entre aquilo que mais constrangimentos criou na gestão das carteiras dos portugueses destacam-se as despesas com o carro – combustíveis, manutenção e seguros (67%) -, com a alimentação – carne, peixe e alternativas (59%) -, com as férias – viagens e estadias (57%) -, cuidados dentários (55%) e manutenção da casa – obras e remodelações (54%).
Recorrendo ao índice que afere a capacidade financeira das famílias percebe-se que este atingiu o valor mais baixo dos últimos cinco anos, de 42,1 (numa escala de 0 a 100, em que quanto maior for o valor do índice, maior será a capacidade financeira para enfrentar as despesas mensais).
Analisando a distribuição dos valores do índice pelo território nacional, percebe-se que Coimbra (47,1), Madeira (45,1), Beja e Lisboa (43,5) são as regiões que possuem maior capacidade financeiras para fazer face às despesas mensais. Por outra via, seguindo a tendência contrária, Vila Real (38) e Aveiro (39,4) são os distritos que se apresentam na pior situação.
A própria DECO Proteste tem vindo a analisar o preço do cabaz alimentar e permite concluir que, em fevereiro do ano passado, um cabaz custava 185 euros, o que contrasta com o preço do mesmo cabaz, em fevereiro deste ano, que se cifrou nos 222 euros – 20% mais caro.

Sérgio Garcez, 20 anos, natural de Viana do Castelo. Atualmente frequenta o 3.º ano da licenciatura em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Dado o seu interesse pela área financeira e o seu gosto pela escrita, ingressou na MeuCapital em março de 2022, com o objetivo de promover a literacia financeira em Portugal.