Salários e Inflação: o que esperar até ao final do ano?

Tudo parecia a ir a bom porto quando 2022 começa com um primeiro trimestre, em prosperidade. A recuperação da atividade económica e as medidas e respostas encontradas à crise pandémica eclodida em 2020 e que avassalou muitos países indiciariam um futuro auspicioso para a economia portuguesa. Salários elevados e Inflação é aquilo que delineia o caminho do presente ano. 

Em termos de competitividade externa e, por isso, considerando a relação que a economia portuguesa têm com os outros países, aumentos salariais excessivamente elevados podem significar perdas de competitividade externa da economia portuguesa, espelhando-se num déficit na balança corrente, cujo saldo calcula-se pelo diferencial das exportações, face às importações. 

Sendo os custos unitários do trabalho calculados pela razão entre o salário nominal de um certo trabalhador e a sua produtividade, aumentos salariais além do aumento da produtividade aumentará os CUT, pelo que, mantendo-se tudo o resto constante, deteriorará o saldo da balança de bens e serviços, o que poderá pôr em risco o equilíbrio macroeconómico português. 

Analisando a mesma questão, mas agora sob um diferente prisma, taxas de inflação exageradamente elevadas poderão também comprometer, macroeconomicamente, o país. Tal deve-se ao facto de que, se a taxa de inflação for maior na economia doméstica, relativamente à taxa de inflação dos outros parceiros comerciais, haverá uma maior preferência na aquisição de bens e serviços  na economia externa, por praticar preços, tendencialmente, mais baixos. Assim, o ritmo de crescimento das exportações ficará aquém do ritmo de crescimento das importações, estando nós expostos a um saldo devedor na balança comercial

Olhando agora para a questão numa ótica tal que não considere as relações comerciais com terceiros, taxas de inflação elevadas comprometem o poder de compra dos indivíduos residentes, pelo que, na inexistência de reivindicações salariais, o consumo interno e o investimento caem. Em caso de ausência de medidas governamentais que visam contrariar tais fenómenos, o produto interno bruto, o tão famoso PIB, um dos indicadores mais conhecidos para medir a riqueza de uma nação, cai. 

O que esperar da taxa de inflação na economia portuguesa e dos salários nominais dos portugueses, até ao final do ano?

Com o término de mais um verão, governo e sindicatos perspectivam como será a evolução de certas variáveis até ao final do ano, estipulando quais as principais metas do próximo orçamento de Estado. 

Em termos de evolução da taxa de crescimento do nível geral de preços, vários são os economistas que defendem que alívios inflacionistas só serão sentidos, em 2023. A volatilidade extrema do preços dos bens energéticos não permite uma estabilização duradoura da taxa de inflação, quer pelos preços destes bens serem considerados no cálculo do nível geral de preços de qualquer economia, quer pelo facto de a maioria dos processos produtivos e industriais dependerem, fortemente, desta matéria-prima subsidiária. 


Com o andamento menos favorável da taxa de inflação, trabalhadores e sindicatos exigem aumentos salariais mais generosos, pelo que seja expectável negociações, pelo menos, no setor público, para que seja protegido, no mínimo, o poder de compra dos agregados mais frágeis. A remuneração bruta mensal média aumentou 3,1% no segundo semestre do ano, aumento esse não capaz de acomodar a taxa de crescimento de preços exorbitantemente alta, uma vez que o salário real caiu 4,6%.

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