Reino Unido apresenta o plano de descarbonização

O plano de descarbonização do Reino Unido foi apresentado esta terça-feira, a duas semanas do COP26, e já é alvo de críticas.

A conferência da ONU dedicada às alterações climáticas levará os líderes mundiais a Glasgow e terá início a 31 de outubro. O anfitrião Reino Unido quis dar o exemplo ao ser o primeiro país a divulgar a sua estratégia para a descarbonização.

O governo inglês prevê que o Net Zero Strategy, possa não só ser o passo “para o Reino Unido terminar a sua contribuição para as alterações climáticas”, como referido por Boris Johnson, como criar até 440 mil novos empregos e atrair até 90 mil milhões de libras (106,81 mil milhões de euros) em investimento do sector privado.

O plano de descarbonização passa pela expansão de veículos elétricos e da sua rede de pontos de carregamento, pela aposta na produção de energia eólica na costa marítima, investimentos em novas tecnologias como o hidrogénio e combustíveis sustentáveis para o setor da aviação, assim como na construção de uma estação de energia nuclear. Desta forma, o governo mostra-se confiante que estes planos em torno da energia proporcionarão ao Reino Unido uma maior estabilidade de preços e segurança no que diz respeito ao fornecimento de energia.

A proposta envolve também intervenção ao nível da conservação florestal através de um plano de 124 milhões libras (cerca de 147,06 milhões de euros) para restaurar 280 mil hectares de floresta em Inglaterra.

As famílias vão beneficiar de uma transferência para instalar sistemas de aquecimento com baixas emissões de dióxido de carbono. Esta medida está incluída num pacote de 3,9 mil milhões de libras (cerca de 4,63 mil milhões de euros) para a descarbonização de edifícios.

O financiamento das medidas será repartido entre o setor público (26 mil milhões de libras entre 2021 e 2025) e o setor privado que irá contribuir com mais de 60 mil milhões de libras. O investimento estrangeiro também terá um papel fulcral.

As críticas a este plano não tardaram em chegar, especialmente depois da publicação do Zero Net Review, pelo Tesouro inglês. Publicado no mesmo dia que a proposta do governo, o relatório reporta perdas para o governo à escala de mil milhões de libras em receitas fiscais relacionadas com os combustíveis e refere outros riscos como a deslocação de empresas para outros países. O relatório aponta ainda para a necessidade de criação de novos tipos de impostos. 

Cientistas, ecologistas, ambientalistas e até apoiantes do governo são alguns dos críticos do Net Zero Strategy. Para além do insuficiente financiamento para as medidas propostas, algumas das medidas são apontadas como insuficientes, inadequadas ou pouco claras. De facto, a falta de explicação relativamente à forma como os novos empregos serão criados e como as famílias e as empresas serão afetadas por esta transição, está a causar preocupação.

Algumas inconsistências por parte do governo são também apontadas, como a expansão de indústrias de combustíveis fósseis, através da concessão de novas licenças de petróleo e gás. Deste modo, os ambientalistas apontam para o facto de as medidas apresentadas não terem uma escala suficiente para compensar os avanços no sentido contrário. Desta forma, é referida a necessidade de medidas mais impactantes e de maior escala, investimento público nomeadamente nos transportes públicos, mas também o fim de novas licenças de petróleo e gás.

Apesar das críticas, Boris Johnson mostra-se orgulhoso do caminho do Reino Unido na contribuição para as metas das Alterações Climáticas. O primeiro-ministro refere que os planos arrojados do país permitirão definir uma vantagem competitiva em tecnologia de captura de carbono, nos veículos elétricos e energia eólica. Desta forma, a criação de emprego, o investimento bilionário e o crescimento das indústrias verdes deverão promover o bem-estar da população e das empresas. 

Autora: Ana Rita Maia e Moura

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