Fonte da imagem: Eco
O ano de 2022, foi um ano recorde no que se refere aos Certificados de Aforro, que se viram aumentar em 7,2 mil milhões de euros, alcançando o valor máximo, até à data, de 20 mil milhões de euros.
Em 2022, os investimentos em Certificados de Aforro foram um verdadeiro fenómeno. Registaram um crescimento recordista de 7,2 mil milhões de euros no ano passado, acompanhando o ritmo de crescimento das taxas Euribor. Isto, porque o aumento da Euribor acaba por se refletir nos depósitos bancários, por via das taxas de juro.
O forte acréscimo dos Certificados de Aforro, acabou por compensar a quebra inédita que se verificou nos Certificados do Tesouro.
No final do ano passado, os aforradores possuíam um montante de 19,6 mil milhões de euros aplicados em Certificados de Aforro – valor recorde. Este montante, aplicado em Certificados de Aforro, tem vindo a aumentar, de forma constante, já desde março de 2020, no começo da pandemia, mas começou a crescer mais fortemente a partir da segunda metade de 2022.
A que se deve esta intensa corrida por Certificados de Aforro?
Já se sabe que o investimento neste tipo de instrumentos teve uma forte procura, mas, no meio de tantas interrogações, económicas e geopolíticas, como podemos explicar este fenómeno?
A resposta está, mais uma vez, na Euribor e na remuneração que consigo arrasta. Remuneração esta que tem vindo a aumentar perante aumentos das Euribor, com valores já superiores a 3% para novas subscrições, realizadas neste primeiro mês de 2023.
Sucede que o Banco Central Europeu (BCE) tem aumentado as taxas diretoras do euro – uma política anti-inflacionista -, o que, aliado a uma política monetária mais restritiva acaba por se refletir no aumento das taxas interbancárias, usadas para o próprio cálculo da remuneração dos certificados.
Face ao atraso que os bancos apresentam para com a subida dos juros dos depósitos, as famílias encontraram nos Certificados de Aforro uma alternativa viável e atraente para as suas poupanças.
Numa tendência contrária à dos Certificados de Aforro, os Certificados do Tesouro têm perdido a popularidade que vinham a apresentar nos últimos anos.
A forte corrida pelos Certificados de Aforro acabou mesmo por compensar e contrabalançar a perda registada nos Certificados do Tesouro. Desta forma, os portugueses acabam por depositar confiança no Estado português, avaliada em cerca de 34,9 mil milhões de euros – mais 4,6 mil milhões face ao ano anterior.

Sérgio Garcez, 20 anos, natural de Viana do Castelo. Atualmente frequenta o 3.º ano da licenciatura em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Dado o seu interesse pela área financeira e o seu gosto pela escrita, ingressou na MeuCapital em março de 2022, com o objetivo de promover a literacia financeira em Portugal.