Depois de Boris Johnson, foi a vez de Liz Truss, na passada quinta-feira dia 20 de outubro, renunciar ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido, somando apenas 45 dias no cargo. Na origem da demissão está o plano económico, controverso, que foi desenhado pelo executivo de Truss com o intuito de estimular o investimento e assim o crescimento económico do país. Isto desencadeou especulações de que o governo teria de financiar o pacote com endividamento, aumentando a dívida pública para níveis insustentáveis. A estratégia de injetar milhares de milhões de libras na economia aumentou o risco de agravar a inflação, o que forçaria o Banco de Inglaterra a aumentar as taxas de juro, com impacto significativo nos mercados.
Perante este ambiente de crise e incerteza é a Rishi Sunak, o antigo ministro das Finanças no governo de Boris Johnson, que cabe a tarefa de “consertar os erros cometidos por Liz Truss”, como foi referido pelo próprio em discurso logo após a confirmação de que se tornaria o próximo primeiro-ministro britânico. Neste primeiro discurso, prometeu ainda dedicação e que vai “colocar a estabilidade e a confiança no centro da agenda do governo e que isso significa decisões difíceis”.
Nascido em Southampton, no sul de Inglaterra, Sunak tornou-se aos 42 anos o mais jovem primeiro-ministro britânico em mais de 200 anos sendo ainda o primeiro de cor, o primeiro de origem sul-asiática e o primeiro hindu a desempenhar o cargo de primeiro-ministro daquele país. É filho de pais indianos nascidos na África Oriental, o médico Yashvir e a farmacêutica Usha, foi criado no berço de uma família de classe média, que fez um relevante esforço financeiro de forma a assegurar uma educação nas melhores escolas da elite britânica.
Terá sido um estudante bastante aplicado e depois de passar com grande distinção no Winchester College licenciou-se em filosofia política e economia em Oxford. Sunak obteve ainda, com o apoio da bolsa Fulbright, o Master in Business Administration (MBA) na prestigiada universidade de Stanford, nos EUA.
Uma vez formado, trabalhou como analista no banco de investimentos Goldman Sachs, por cerca de 4 anos (2001-2004), de onde partiu para se juntar ao hedge fund “Children’s Investment Fund Management”, do qual mais tarde, em 2006, se tornou sócio. Em 2009, saiu para se juntar a um grupo de ex-colegas de faculdade num novo hedge fund, Theleme Partners, criado em 2010 e com cerca de US $700 milhões sob gestão. Antes de ser chamado por Boris Johnson para ministro das Finanças dirigiu ainda a sociedade de investimento “Catamaran Ventures”, propriedade do sogro.
Já com a pasta das finanças em mãos e sob a chefia de Boris Johnson, foi muito elogiado pelo modo whatever it takes como promoveu apoios às pessoas e empresas durante os tempos mais negros da pandemia. Porém, acabou por renunciar ao cargo alegando a existência de ideias “fundamentalmente diferentes” na forma de abordar as crises económicas vividas.
Rishi Sunak, um veterano da política britânica e membro do partido conservador, é casado e tem duas filhas com Akshata Murthy, filha do multimilionário indiano fundador da Infosys Narayana Murthy, e sua colega em Stanford.
O casal tem quatro residências: a principal é uma mansão em Kensington (um dos bairros mais prestigiados de Londres), uma mansão no condado de Yorkshire, no norte de Inglaterra onde, em 2015, foi eleito deputado pela circunscrição de Richmond, uma região essencialmente rural e tradicionalmente conservadora, uma vivenda de praia em Santa Monica, na Califórnia e um apartamento na City de Londres.
Foram o sucesso profissional bem como o casamento com a sua mulher, que faz parte de uma das famílias mais ricas da Índia, que lhe trouxeram a sua fortuna avaliada em £ 730 milhões maior que a do novo rei Charles III e que lhe permite viver com todo o luxo, reservado apenas a multimilionários como ele é.
Resta saber se, Rishi Sunak se vai mostrar um também luxuoso primeiro-ministro para o Reino-Unido e cumprir com a sua promessa de estabilização e confiança no governo.
