O presidente russo Vladimir Putin alertou hoje que o uso de minerais fósseis como compensação do gás natural russo traria consequências nefastas para o meio ambiente
Durante declarações num fórum na região de Kamachatka, o presidente russo frisou que a aquisição de gás russo a baixo preço e, depois recorrer a outros combustíveis com maior pegada ecológica, seria altamente prejudicial para o ambiente.
Vladimir Putin chegou ao ponto de falar em cooperação internacional para combater as alterações climáticas, e que algumas decisões teriam sido tomadas noutros países com “objetivos nobres”, mas seriam “impossíveis de resolver”.
Estas declarações vêm no seguimento da crescente preocupação europeia com a dependência de gás russo, acusando a Rússia de transformar o referido gás numa arma de guerra.
Recorde-se que a Rússia suspendeu o fornecimento de gás para a Europa, devido a reparações e manutenção do gasoduto Nord Stream, que tinha data de término estabelecida para o passado dia 1 de setembro.
No entanto, para surpresa da Europa, o consórcio russo que gere o Nord Stream anunciou que o abastecimento de gás não seria retomado, devido a uma fuga de óleo numa turbina da única estação de compressão em funcionamento, alargando o período de “seca” de gás natural europeu.
A União Europeia reagiu a esta diretiva, dizendo que se trata de uma “falácia”, lançando a ideia de que esta ocorrência se trataria de mais uma manobra do governo russo para acentuar a crise energética vivida na Europa, em resposta às restrições colocadas à economia russa.
Por sua vez, em resposta às alegações por parte da União Europeia, Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência, “rejeita categoricamente essas suspeitas”, dizendo que a crise energética foi causada pelas sanções impostas à Rússia e empresas russas, por parte do ocidente, “em especial Alemanha e Reino Unido”.
Este é mais um setback na crise energética europeia associada à guerra na Ucrânia, dias após a visita de inspetores da Agência Internacional de Energia atómica à central nuclear de Zaporizhia, a maior da Europa, no seguimento das preocupações com uma possível catástrofe nuclear causada por bombardeamentos russos.