A situação económica que se reflete um pouco por todo o mundo, com a crescente inflação e aumento dos juros, molda a expectativa de um aumento da prestação média das casas superior a 30%.
Devido à situação económica global e, em particular, portuguesa, de acordo com o Banco de Portugal, será de esperar uma subida de mais de 30% na prestação média da casa até dezembro do próximo ano. Este aumento deverá refletir-se, em termos monetários, num incremento no montante de 92.
No seu Relatório de Estabilidade, o Banco de Portugal (BdP) afirma que o “valor médio em dívida dos particulares, de cerca de 64 mil euros, traduz-se numa prestação média estimada de 279 euros em junho de 2022”, esperando-se que aumente 92 euros até ao final do próximo ano – um aumento relativo de 32,9% na prestação média.
O que se torna interessante realçar é que, com o aumento dos juros, daquilo que é o montante global pago pelos devedores, a parcela correspondente ao pagamento dos juros tem vindo a ganhar peso, contrabalançando com a destinada ao pagamento da casa, em si, que tem vindo a diminuir.
O aumento da prestação aliado ao risco de incumprimento
Com o aumento do valor da prestação média – não obstante a perda de poder de compra já verificada pelos consumidores – acaba por traduzir uma maior dificuldade para os devedores honrarem os seus compromissos financeiros, aumentando, desta forma, o risco de incumprimento das famílias.
De acordo com o BdP, os empréstimos à habitação com taxa variável em Portugal representam cerca de 90% dos empréstimos à habitação, sendo, portanto, atingidos pela subida dos juros.
O aumento da inflação poderá levar à estagnação do rendimento disponível o que, aliado aos maiores encargos para com a dívida, poderá vir a condicionar o nível de consumo real.
No entanto, o risco de incumprimento não é algo que tenha de ser prontamente assumido. Existem fatores que ajudam a mitigar o risco de incumprimento como, por exemplo, a adoção de medidas por parte do Governo para apoio às famílias.

Sérgio Garcez, 20 anos, natural de Viana do Castelo. Atualmente frequenta o 3.º ano da licenciatura em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Dado o seu interesse pela área financeira e o seu gosto pela escrita, ingressou na MeuCapital em março de 2022, com o objetivo de promover a literacia financeira em Portugal.