O preço do ouro caiu cerca de 5,15% em 3 dias, porém, apenas entre quarta e quinta-feira, este perdeu 4,62% do seu valor. A commodity está a negociar em valores que não se registavam desde finais de abril do recente ano. Foi a maior queda desde meados de novembro de 2020.
Empresas de mineração do metal precioso acompanharam também esta queda, com o ETF VanEck Vectors Gold Miners ($GDX) a registar uma perda de 5% e o ETF VanEck Vectors Junior Miners ($GDXJ) a cair 4,7% para 49,02 dólares.
O ouro para entrega em agosto estabilizou nos 1.861 dólares por onça, no entanto, após a reunião do FED, o banco central dos Estados Unidos, este anunciou que irá manter o seu programa de estímulos monetários a funcionar e as taxas de juro baixas pelo menos até 2023. Indica isto que, por enquanto, os juros se mantêm no intervalo de 0% a 0,25%.
Em relação à inflação, as novas projeções do banco central apontam para um crescimento da mesma para este ano superior ao que foi previsto em março, fixando agora este indicador nos 3,4%, acima dos 2,4% das últimas projeções. Em ambos os cenários, é superior à meta de 2% que serve de referência para o banco central. Em maio, o índice de preços no consumidor (IPC) nos EUA subiu para os 5%, um máximo histórico em 13 anos, ficando acima dos 4,7% que eram expectáveis. Ainda assim, Jerome Powell, presidente do FED, insiste em acalmar os investidores e assegura que esta é uma subida transitória.
Com as alarmantes da subida da inflação, seria de esperar que o ouro ganhasse alguma força, porém com a rentabilidade das obrigações do tesouro dos Estados Unidos a subir, nomeadamente do Treasury Yield Index-5 Years ($FVX), que regista, ao momento da escrita, um valor de 8,86 dólares, tendo subido mais de 13% em 3 dias, o dólar tem vindo a ganhar força, contrariando a tendência descendente dos últimos meses, sustentando esta queda no preço do ouro, bem como em alguns outros ETFs, tanto do metal precioso como das restantes commodities.
Com as perspetivas otimistas do FED para o futuro da economia, nomeadamente da inflação e das taxas de juro, é provável que as obrigações do tesouro continuem a subir, fornecendo assim, um suporte de força para o dólar, mantendo tanto o ouro, como as restantes commodities, vulneráveis.
Autor: Samuel Lourenço
