Fonte da imagem: Jornal Económico
Em novembro do ano passado, a Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) projetou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1% para 2023. No relatório de atualização das perspetivas económicas para o presente ano, publicado esta semana, a OCDE juntou-se a outras organizações internacionais que estão a rever em alta as projeções para o nosso país, apontando para o cenário otimista de crescimento na ordem dos 2,5%, mais do dobro da zona euro.
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Neste artigo, exploraremos as razões deste crescimento e analisaremos os possíveis impactos na economia e na vida das pessoas.
O crescimento do PIB
O PIB é o principal indicador utilizado para medir a atividade económica de um país. O seu valor permite-nos analisar o crescimento económico e possibilita comparações com outros países. É o indicador chave para quantificar o valor total de todos os bens e serviços produzidos numa economia, durante um determinado período. Assim, permite identificar possíveis problemas (caso não reflita as previsões) e diagnósticos que conduzam ao crescimento da economia.
Previsões iniciais e causas das alterações
A invasão russa à Ucrânia perturbou as cadeias de fornecimento e aumentou os custos da energia.
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Fatores que, combinados com a subida das taxas de juro, dissuadiram a retoma verificada em 2022. A previsão para o ano seguinte era muito ligeira, antecipando uma evolução de 1%. Apesar de se esperar que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) contribuísse de forma positiva para a economia, por via do investimento público, a fraca previsão deveu-se aos riscos que os atrasos na sua implementação prosseguissem para 2023.
As perspetivas recentes contrapõem o crescimento modesto projetado anteriormente, tendo em conta o bom desempenho de diversos indicadores nos últimos meses.
O PRR, programa que visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado depois da pandemia, destacou-se no impacto que teve no crescimento do investimento público. Este, juntamente com as medidas de apoio orçamental no valor de cerca de 3,7% do PIB conjugadas com o aumento de atividade dos parceiros comerciais no primeiro trimestre, contribuíram para apoiar a atividade económica do país, resultando no aumento do PIB 1,6% em volume, em larga medida resultante do crescimento das exportações de serviços.
Importância e impactos do crescimento económico
O crescimento da economia traduz-se, geralmente, num aumento sustentado da produção de bens e serviços, que resulta na melhoria das condições de vida das famílias através do aumento do rendimento disponível, aumentando propensão a consumir e consequente investimento na economia.
Rendimento disponível das famílias
Quando a economia cresce, o rendimento disponível das famílias tende a aumentar. Tal acontece devido, principalmente, à criação de empregos e consequente subida dos salários. O aumento da atividade económica no último trimestre de 2022 ocasionou ganhos significativos nos salários reais em Portugal, promovendo um crescimento do rendimento disponível das famílias.
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Consumo e poder de compra
Apesar da evolução dinâmica dos salários, a conjuntura em que nos encontramos leva a crer que o crescimento do consumo será moderado à medida que o crescimento do emprego atenuar. Os preços da energia e dos alimentos continuam altos, fortemente influenciados pela inflação que está a reduzir o poder de compra das famílias. Apesar da subida do investimento público na economia em função do Programa de Estabilidade, a elevada incerteza e a subida das taxas de juro previstas até ao final do ano dominam o investimento empresarial e habitacional, impactando negativamente as famílias e as empresas através do aumento do custo da dívida.
Conclusão
O crescimento económico revisto em alta para Portugal pela OCDE prevê um cenário mais positivo para a economia e para as famílias do que o previsto inicialmente. Contudo, existem alguns fatores que podem limitar o pleno aproveitamento dos benefícios deste crescimento.
O aumento do PIB impulsionado pelo PRR e pelas exportações, especialmente no turismo, pode resultar em maior rendimento disponível para as famílias, impulsionando o consumo e o investimento. No entanto, a inflação, as taxas de juro e a incerteza económica podem afetar negativamente o poder de compra das famílias e o investimento das empresas, comutando a perspetiva positiva para o futuro por uma mais moderada.
É fundamental adotar medidas adequadas para controlar a inflação, promover condições favoráveis ao investimento e mitigar os riscos associados à incerteza económica, a fim de maximizar os benefícios do crescimento económico para as famílias e empresas.
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Alberto Barbedo, estudante do 1º ano da Licenciatura em Gestão e Administração de Empresas na Católica Lisbon School of Business and Economics. É diretor financeiro da Católica Consulting Linked. Juntou-se ao Daily a fim de aprimorar os conhecimentos na área e desenvolver competências necessárias ao mundo empresarial.