Portos obsoletos e atrasos nos investimentos

De Norte a Sul do país, os representantes dos portos, cada vez mais obsoletos, têm dramatizado a falta de garantias de financiamento público para a concretização dos projetos de investimento.

Mário Sousa, porta-voz da Comunidade Portuária de Leixões, refere que “o Porto de Leixões não está a conseguir o imprescindível financiamento para que aconteçam em tempo útil as principais obras, que necessitam de elevados investimentos e de caráter urgente. Corre o sério risco de se tornar numa berma, em vez de uma via de autoestrada marítima, nem conseguindo segurar parte das escalas atuais. (…) Passará rapidamente de um porto imprescindível a um porto obsoleto se não forem realizados”.

O responsável acrescenta que “Quando os investimentos nos portos estão fora do PRR, algo vai de mal no reino. E no PT2030 só há 120 milhões para distribuir pelos vários portos. O poder político deve repensar a forma de gestão e financiamento dos portos. Para reindustrializar o país não basta pensar em reativar fábricas; precisamos de otimizar as cadeias logísticas intermodais para fazer chegar os produtos em tempo útil e a preços competitivos”, desabafa o responsável.

Em Viana do Castelo, Manuel Cunha Júnior também se demonstra “bastante preocupado” não só com o aumento dos custos das empreitadas, mas também com o facto de a infraestrutura que serve sobretudo o Alto Minho e até à Galiza estar a “ficar para trás na questão da operacionalidade” e a “perder competitividade para Leixões, Aveiro e Vigo”, não conseguindo atrair as empresas que se têm instalado na região.

No caso de Aveiro, apesar de o crescimento em 2021 ter sido de 16% e até agosto o progresso de 3,5% em termos homólogos, Nuno Pires adverte que “para continuar a crescer é preciso realizar investimentos”, sendo a proposta para o biénio 2022/2024 de 58 milhões de euros. 

Hermano Sousa, líder da Comunidade Portuária da Figueira da Foz alarma que “ficamos preocupados quando investimentos com retorno óbvio não conseguem ser financiados. Ainda mais tratando-se de um montante relativamente reduzido”, destacando um projeto de melhoria de acessibilidade marítima que está avaliado em cerca de 20 milhões de euros, conta com a comparticipação de operadores privados, mas continua sem ter “assegurada a componente pública do financiamento, à volta dos 10 milhões de euros”.

Rui Raposo, presidente da Comunidade Portuária de Lisboa salienta que “ninguém pense que se conseguem fazer investimentos nos portos com base nas taxas portuárias. Ou se arranja uma forma de financiar os investimentos necessários ou nunca mais seremos competitivos face aos espanhóis que têm uma política de investimento, através dos Puertos del Estado, que nós não temos”. 

O responsável pela comunidade Portuária de Lisboa frisa ainda que os “resultados positivos das administrações portuárias não deviam servir para pagar dividendos ao Estado, mas para serem reinvestidos no próprio porto”, defendendo também a criação de um sistema de governação dos portos nacionais para que “não estejam em concorrência uns com os outros – porque os concorrentes são os espanhóis”. 

Autor: Pedro Nunes

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