Políticas Monetárias e Política Orçamental

A economia mundial vive tempos conturbados. A desaceleração da atividade económica é mais acentuada do que se previa, com uma inflação a atingir níveis não observados há décadas e, embora os salários não tenham sofrido grandes alterações, poderemos vir a testemunhar uma espiral de preços-salários, com ambos a alimentarem-se mutuamente. 

As perspectivas económicas dependem assim de fatores como uma calibração bem-sucedida das políticas monetária e fiscal, do curso da guerra na Ucrânia, das perspectivas de crescimento na China bem como da evolução do impacto causado pela pandemia em toda a economia.

Posto isto, perante cenários macroeconómicos de recessão ou de inflação muito elevada os governos e bancos centrais tomam medidas recorrendo a dois grandes tipos de políticas: Política monetária, levada a cabo pelos bancos centrais (no caso dos 19 países do euro, tutelados pelo Banco Central Europeu (BCE)), e política fiscal, levada a cabo por cada governo através do controlo e manipulação do seu próprio orçamento de Estado, com o objetivo de garantir o desenvolvimento económico do país de forma sustentável.

1.Política Monetária

A política monetária é utilizada pelos bancos centrais como forma de garantir a estabilidade de preços. As medidas de política monetária influenciam a evolução económica, o que ajuda a manter a inflação em conformidade com o objetivo previamente definido. Consiste nas decisões tomadas para influenciar o custo de pedir dinheiro emprestado e liquidez na economia (dinheiro que existe na economia), podendo assim estimular ou não a economia.

O banco central não influencia diretamente os preços dos bens e serviços, recorre aos instrumentos de política monetária (por exemplo, as taxas de juro oficiais) para tentar influenciar os gastos das famílias e das empresas e, por essa via, os preços dos bens e serviços. Pode levar vários trimestres até que uma decisão de política monetária se reflita plenamente nos preços. Por isso, antes de tomar decisões, o BCE tem de estar bem informado sobre o que está a acontecer ao crescimento da economia, ao emprego e à inflação e sobre o que é provável que aconteça no futuro.

Existem dois tipos de política monetária:

  1. Expansionista, geralmente utilizada para combater uma crise ou recessão económica. O objetivo é estimular o consumo e o investimento, e por isso é comum que haja uma redução nas taxas de juro, como forma de facilitar o acesso ao crédito necessário ao aumento do consumo. Entretanto, com o aumento da procura por bens e serviços, a tendência é para que os preços subam. Ou seja, a consequência direta do estímulo do consumo, é a inflação.
  2. Contracionista, que se caracteriza por ser o inverso da anterior normalmente, recorrendo à redução das taxas de juro, é utilizada para desincentivar o consumo e consequentemente controlar a inflação, tendo como consequência a afetação negativa do Produto Interno Bruto (PIB).

2.Política Fiscal

A política fiscal, ou política orçamental, é um tipo de política económica em que o governo manipula as suas receitas ou despesas, numa tentativa de influenciar as condições macroeconómicas que incluem a procura agregada de bens e serviços, emprego, inflação e crescimento económico. Através de instrumentos como, a carga tributária (aumento ou diminuição dos impostos) ou a despesa pública (aumento/corte dos salários e pensões, execução de obras públicas, etc.) o governo tenta garantir esta influência. 

Durante uma recessão, o governo pode reduzir as taxas de imposto ou aumentar os gastos, exemplos daquilo que pode ser chamado de uma política fiscal expansionista, para estimular a procura e toda a atividade económica em geral, a lógica por trás dessa abordagem é que, quando, por exemplo,  as pessoas pagam impostos mais baixos, ficam com mais rendimento disponível para gastar ou investir, o que aumenta a procura. Essa procura leva as empresas a contratar mais, diminuindo o desemprego e causando competição por mão de obra. Por sua vez, isso acaba por aumentar os salários que leva, mais uma vez, a maior consumo e investimento.

Por outro lado, para combater a inflação, pode aumentar as taxas ou cortar gastos para “abrandar” a economia, neste caso estaremos perante uma política fiscal contracionista e o efeito esperado será inverso àquele que se espera de uma política expansionista.

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