PIB Regional em Portugal: Diferenças e Tendências

O Produto Interno Bruto (PIB) é uma das principais métricas utilizadas para medir o desempenho econômico de um país. Diferentes áreas geográficas têm economias diferentes, influenciadas por setores específicos, infraestrutura, população e outros fatores socioeconômicos.

Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise abrangente do PIB em diferentes regiões de Portugal. Ao longo das últimas décadas, o país tem vivido um crescimento econômico abaixo das espectativas, mas compreender como esse crescimento é distribuído entre as várias regiões é fundamental para entender a realidade econômica do país como um todo.

Nesta análise, examinaremos os dados históricos do PIB de várias regiões de Portugal desde 2009, identificando padrões e tendências ao longo do tempo. Além disso, vamos investigar as principais atividades econômicas que impulsionam o crescimento em cada região e como os fatores locais contribuem para o desenvolvimento econômico.

Ao final deste artigo, esperamos oferecer insights valiosos sobre o cenário econômico regional de Portugal, destacando as disparidades e oportunidades existentes entre as diferentes regiões do país. Essa compreensão mais profunda do PIB regional pode fornecer uma base sólida para tomadas de decisões estratégicas em políticas públicas e investimentos, buscando impulsionar o crescimento econômico.

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Todos estes dados foram retirados a partir do site PorData. Por lá podem encontrar estes e outros dados de Portugal e da Europa. *Os dados do ano 2021, são ainda dados provisórios, pelo que podemos ter ainda algum pequeno acerto nos dados.

Neste artigo vamos avaliar o crescimento nas regiões vamos avaliar os seguintes temas:
⦁ Análise atual do PIB por Região
⦁ Análise do crescimento do PIB ao longo dos anos
⦁ Análise do PIB per Capita
⦁ Correlação entre regiões

Análise atual do PIB por Região

A análise da evolução do PIB por região ao longo dos anos é fundamental para compreender o desenvolvimento econômico e as disparidades regionais em Portugal. Nesta análise, exploramos como o Produto Interno Bruto varia em diferentes regiões do país, procurando identificar padrões e tendências que moldaram a economia nacional.

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Com base na tabela de dados apresentada, é possível destacar o significativo papel das regiões em contribuir para o PIB de Portugal. A Área Metropolitana de Lisboa, abrangendo 18 municípios da Grande Lisboa e da Península de Setúbal, destaca-se como a principal região contribuinte, com um PIB de 76 mil milhões de euros, equivalente a impressionantes 35.62% do PIB total de Portugal.

A Região Norte de Portugal também exerce uma influência significativa na economia, com um PIB total de 64 mil milhões de euros, representando cerca de 30% do PIB nacional. Estas duas regiões, exercem um impacto significativo na economia portuguesa, representando em conjunto aproximadamente 65% do PIB total do país.

Ambas as regiões possuem economias diversificadas, abrangendo setores-chave como indústria, tecnologia, serviços e turismo.

Outra região de destaque é o Centro de Portugal, com um PIB de 40 mil milhões de euros, e representa aproximadamente 20% do PIB total. Embora fique abaixo das regiões anteriores em termos de contribuição, sua importância é inegável, contribuindo de forma relevante para o desenvolvimento econômico do país.

Além disso, é importante destacar as contribuições significativas das regiões do Alentejo, Algarve, Madeira e Açores para a economia portuguesa. Embora seus PIB (13, 9, 4 e 4 mil milhões de euros, respetivamente) possam ser menores em comparação com as duas principais regiões, sua relevância não pode ser subestimada.

A região do Alentejo desempenha um papel fundamental na economia portuguesa, contribuindo com aproximadamente 6% para o PIB total do país. Sua relevância pode ser atribuída, em grande parte, ao setor agrícola, que desempenha um papel de destaque na região. Com vastas extensões de terras férteis e um clima propício, o Alentejo é uma região agrícola por excelência.

O Algarve, contribuindo com cerca de 4% do PIB nacional, é conhecido por seu setor turístico próspero, atraindo milhões de visitantes a cada ano com suas belas praias, hotéis e atividades de lazer.

A Madeira, com 2% de contribuição para o PIB, é uma região autónoma com uma economia diversificada, incluindo o turismo, a indústria e as atividades comerciais.

Os Açores, também com 2% do PIB, são outra região autónoma que tem a pesca, agricultura e o turismo como importantes pilares econômicos.

Embora representem parcelas menores do PIB, essas regiões têm seu próprio impacto na economia do país e contribuem para a diversidade econômica e cultural de Portugal. Cada uma delas possui recursos naturais, atrações e setores específicos que desempenham um papel importante na criação de empregos e na geração de riqueza em seus territórios.

Assim, a combinação das contribuições das diversas regiões ajuda a fortalecer a economia portuguesa de forma abrangente e sustentável.

Em resumo, a Área Metropolitana de Lisboa e a Região Norte destacam-se como as principais impulsionadoras do PIB português, seguidas pela Região Centro.

As demais regiões, embora com contribuições menores, também têm um papel fundamental na economia do país. A combinação das diferentes regiões contribui para a diversidade e resiliência da economia portuguesa.

Análise do crescimento do PIB ao longo dos anos

Compreender o crescimento do PIB nas diferentes regiões de Portugal é fundamental para identificar aquelas que têm apresentado um desenvolvimento econômico contínuo e sustentado ao longo dos anos.

Esta análise dos dados econômicos do crescimento de cada região vai nos ajudar a entender melhor o cenário econômico português e identificar as áreas que têm impulsionado o crescimento sustentado de Portugal nos últimos anos.

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Cada barra do gráfico representa o crescimento acumulado do PIB para cada região, enquanto a linha vermelha representa o crescimento acumulado do PIB de Portugal no mesmo período.

Observa-se que a Região Norte e a Região Centro tiveram os maiores crescimentos acumulados do PIB durante o período analisado.

Ambas as regiões apresentaram crescimentos acima de 35% e 25%, respetivamente, mostrando sua relevância no desenvolvimento econômico do país.

A Área Metropolitana de Lisboa teve o segundo menor crescimento, e apresentou um aumento de apenas 15%, ficando apenas à frente da região Madeirense, que cresceu 12% em mais de 10 anos.

As regiões do Alentejo e do Algarve também registraram um crescimento acumulado positivo durante o período, embora tenham apresentado taxas de crescimento menores em comparação com as regiões do Norte e Centro.

Em relação ao Algarve, podemos observar que até o ano de 2020, sua economia crescia 36%, mais do que qualquer outra região, mas devido à pandemia de COVID-19 e à sua alta dependência do turismo, houve uma drástica diminuição no crescimento do PIB, chegando a apenas 13% em 2021 (diminuição do PIB acumulado de 23%). Por isso, o Algarve foi a região de Portugal mais impactada negativamente pela pandemia.

As regiões autônomas dos Açores e da Madeira apresentaram os crescimentos acumulados mais baixos do PIB em relação às outras regiões. Isso pode ser atribuído, em parte, às suas dimensões geográficas e à dependência de setores econômicos específicos, como o turismo e a agricultura.

Além disso, é importante notar que o ano de 2020 apresentou um crescimento acumulado menor para todas as regiões, refletindo o impacto da pandemia da COVID-19 na economia global, incluindo Portugal.

O crescimento acumulado do PIB de Portugal como um todo (representado pela linha vermelha) acompanhou a tendência de crescimento das regiões do Norte e Centro, mas com um ritmo ligeiramente menor. Isso sugere que o crescimento econômico do país foi impulsionado, em grande parte, pelo desempenho dessas duas regiões.

Em resumo, a análise do crescimento regional do PIB em Portugal destaca a importância das regiões do Norte e Centro como os principais motores do desenvolvimento econômico do país.

No entanto, é fundamental que políticas públicas e estratégias de investimento sejam implementadas para promover um crescimento mais equitativo e sustentável em todas as regiões, aproveitando as especificidades e potenciais econômicos de cada uma delas. Isso contribuirá para uma maior estabilidade e prosperidade geral da economia portuguesa.

Análise do PIB per Capita

A métrica econômica do Produto Interno Bruto (PIB) per capita é fundamental para avaliar o bem-estar e o nível de desenvolvimento de uma região ou país. Ao calcular o PIB per capita, é possível medir a riqueza gerada por habitante, fornecendo uma visão mais detalhada e ampla do crescimento econômico em cada região.

Ao analisar o PIB per capita, podemos observar que Lisboa é a região que mais gera riqueza por pessoa, embora tenha crescido menos nos últimos anos. Em 2021, cada pessoa na Área Metropolitana de Lisboa gera cerca de 26.491 mil euros.

Esse fato pode ser atribuído a vários fatores, como uma economia mais diversificada, com diferentes setores contribuindo para uma maior geração de riqueza, e melhores níveis de educação e qualificação, que têm um impacto direto na produtividade e eficiência da economia.

Por outro lado, as regiões que mais crescem (Norte e Centro) são as que têm um PIB per capita mais baixo, com 17 mil e 18 mil euros, respetivamente.

Isso pode ser atribuído a fatores como regiões que possuem uma população maior em relação à atividade econômica e, desta forma, compartilham a riqueza gerada em uma distribuição mais ampla, e também podem depender mais de algum setor que tenha menor produtividade em relação a outras regiões mais urbanizadas e diversificadas.

Todas as outras regiões (Algarve, Madeira, Alentejo e Açores) geram anualmente cerca de 19 mil euros, e em Portugal o PIB per capita é de 20.607 mil euros.

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No gráfico de crescimento regional do PIB per capita, podemos observar que desde 2009 não houve muitas alterações em relação à região que possui a economia mais forte. Lisboa sempre foi a região que mais riqueza gera, tendo atingido o pico de PIB per capita (26.963 mil euros) antes da pandemia de 2020.

Correlação entre regiões

A matriz de correlação fornece-nos informações valiosas sobre como o crescimento do PIB em diferentes regiões está relacionado ao crescimento em outras regiões.

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Correlações Positivas Fortes

Podemos observar que as regiões do Norte, Centro e Açores apresentam correlações positivas fortes entre si. Isso sugere que essas regiões tendem a crescer em conjunto, ou seja, quando uma delas experimenta um aumento no PIB, é provável que as outras regiões também apresentem crescimento.

Esta correlação positiva pode ser explicada pelo fato de que essas regiões compartilharem características econômicas e setores de atividade semelhantes, como agricultura, indústria e turismo.

Correlações com Lisboa

A região de Lisboa apresenta correlações positivas com todas as outras regiões, embora não tão fortes como as mencionadas acima. Isso sugere que o crescimento econômico de Lisboa também está relacionado ao crescimento em outras regiões do país.

Lisboa é a capital de Portugal e um importante centro financeiro, comercial e de serviços. O crescimento de Lisboa pode impulsionar o crescimento em outras regiões, pois atrai investimentos e gera oportunidades de negócios em todo o país.

Correlações com o Algarve

O Algarve, famoso por seu turismo, apresenta correlações mais fracas com outras regiões, incluindo Lisboa. Isso pode ser explicado pelo fato de que o turismo é uma das principais atividades econômicas do Algarve e seu crescimento pode ser influenciado mais por fatores sazonais e específicos do setor.

O fato de o Algarve ter apresentado uma diminuição significativa no crescimento do PIB em 2020 pode estar relacionado ao impacto negativo da pandemia de COVID-19, que afetou especialmente a indústria do turismo na região.

De forma resumida, a avaliação da matriz de correlação nos auxilia a compreender as relações entre as diferentes regiões de Portugal no que diz respeito ao desenvolvimento econômico.

Podemos perceber que Lisboa apresenta uma correlação mais positiva, provavelmente devido à sua economia mais diversificada em relação às outras regiões. É natural que haja maior correlação quando se tem prosperidade em diversos setores, como é o caso de Lisboa. Regiões com correlações positivas fortes tendem a crescer juntas, enquanto regiões com correlações mais fracas podem ser influenciadas por fatores específicos.

Conclusão

A análise abrangente do PIB regional em Portugal revelou padrões e tendências importantes que contribuem para uma compreensão mais profunda da realidade econômica do país. As diferenças entre as regiões são notáveis, e cada uma delas desempenha um papel significativo na economia nacional.

A Área Metropolitana de Lisboa e a Região Norte emergiram como as principais impulsionadoras do PIB português, representando juntas aproximadamente 65% da economia do país. A diversidade econômica e a presença de diferentes setores nessas regiões contribuem para sua influência significativa no desenvolvimento econômico de Portugal.

Por outro lado, apesar de serem as regiões que mais crescem, as regiões do Porto e do Centro possuem um PIB per capita mais baixo. Isso pode ser explicado pela distribuição da riqueza gerada em uma população maior ou por uma dependência maior de setores com menor produtividade em relação a outras regiões mais diversificadas e urbanizadas.

O Algarve, região muito dependente do turismo, foi altamente impactada pela pandemia de COVID-19, resultando em uma diminuição drástica no crescimento do PIB em 2020. Isso ressalta a importância de diversificar a economia das regiões, baseando-se em setores menos sazonais e menos sensíveis a eventos globais, procurando por maior resiliência econômica.

Em outras regiões, como o Alentejo, Madeira e Açores, existem particularidades econômicas que contribuem para a diversidade cultural e produtiva de Portugal, desempenhando papéis fundamentais em suas respetivas áreas.

A análise da matriz de correlação mostrou que as regiões Norte, Centro e Açores têm correlações positivas fortes, indicando que seus crescimentos estão interligados.

A Região de Lisboa também apresenta correlações positivas com outras regiões, o que pode ser atribuído ao seu estatuto de centro financeiro e comercial, que atrai investimentos e oportunidades de negócios para todo o país. Por outro lado, o Algarve exibiu correlações mais fracas, influenciado diretamente pelo caráter sazonal de seu setor turístico.

Em resumo, a análise do PIB regional per capita e da matriz de correlação destaca a necessidade de políticas públicas que promovam um crescimento mais equitativo e sustentável em todas as regiões de Portugal, capitalizando as particularidades econômicas de cada uma delas.

Isso permitirá uma economia mais estável e resiliente, impulsionando o desenvolvimento econômico do país de forma mais abrangente e próspera. A compreensão dessas diferenças regionais é essencial para orientar investimentos e decisões estratégicas que contribuam para a prosperidade econômica de todo o país.

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