Os planos para a separação da Johnson & Johnson

A Johnson & Johnson ($JNJ) anunciou, na passada sexta-feira, os seus planos para dividir a multinacional de saúde em duas empresas distintas, ambas negociadas em bolsa. O que foi proposto foi a separação entre o negócio de bens de consumo e as operações ligadas a produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. 

Deste modo, a unidade de produção de bens de uso doméstico, que vende curativos, elixires, cuidados para a pele e outros produtos de higiene pessoal, ficará isolada da divisão de rápido crescimento que fabrica e vende medicamentos e dispositivos médicos, incluindo a vacina para a Covid-19 Janssen.

O futuro ex-CEO da multinacional, Alex Gorsky, esclarece os motivos por detrás desta decisão: “Após uma revisão abrangente, o conselho e a equipa de gestão acreditam que a separação planeada do negócio de produtos de saúde para os consumidores é a melhor maneira de acelerar os nossos esforços para atender pacientes, consumidores e profissionais de saúde, criar oportunidades para a nossa equipa global, impulsionar o crescimento lucrativo, e – mais importante – melhorar os cuidados de saúde para pessoas à volta do mundo.”

Segundo a empresa, fundada em 1886, o segmento de dispositivos médicos e produtos farmacêuticos irá manter o nome “Johnson & Johnson”, adicionalmente, ficará também a cargo do próximo CEO da sua empresa de origem, Joaquin Duato Gorsky, que assumirá as suas funções em janeiro de 2022. Relativamente ao segmento de produtos de consumo, ainda nenhum nome foi definido. 

Após esta decisão ter sido anunciada, as ações da J&J subiram quase 4% no premarket de sexta-feira. Para além disso, a empresa afirma que planeia manter o seu dividendo total “pelo menos no mesmo nível” após a mudança. A J&J atualmente ostenta um dividend yield de cerca de 2,6%.

“Está no melhor interesse de longo prazo de todos os nossos stakeholders” disse Duato Gorky. “O nosso objetivo é realmente criar dois líderes globais – uma empresa farmacêutica e de equipamentos médicos que tem grande potencial atualmente… e claro, o negócio de produtos de consumo, que tem marcas icónicas”. 

Contudo, as duas novas empresas não ficarão imunes às acusações que a Johnson & Johnson tem vindo a acumular ao longo das décadas. Neste sentido, a empresa de produtos de consumo herdará ações judiciais decorrentes sobre alegações de que o seu pó de talco para bebés causa cancro, alegações que a empresa tem vindo a negar. 

E, mais recentemente, a reputação do segmento farmacêutico também sofreu, devido a acusações de que a J&J contribuía intensamente para o agravamento da crise de opioides nos EUA. No documentário Crime of the Century” publicado este ano, a empresa é exposta por promover o uso a longo prazo e em altas doses de drogas opióides e de realizar alterações à planta. A J&J incentivou agricultores americanos a colher a substância mecanicamente em vez de manualmente e a modificar geneticamente a planta para criar “super” papoilas, em troca de incentivos como férias e prémios de luxo aos que produziam a colheita mais potente.

Após a conclusão da separação da J&J, com data prevista para daqui a 18-24 meses, é expectável que o segmento farmacêutico gere cerca de 77 mil milhões de dólares em receitas. Por outro lado, prevê-se que a divisão dos produtos de consumo arrecade 15 mil milhões em vendas este ano, segundo a empresa.  

Autora: Leonor Ramos

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