Os números não são favoráveis, mas a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) diz que ainda não estamos perante um cenário de recessão. “Pensamos que tem um pouco a ver com os nossos parceiros comerciais, em que, se temos a Alemanha e outros países a crescerem menos, isso nos afeta. Mesmo assim, a economia portuguesa tem demonstrado alguma resiliência”.
A economia portuguesa deve crescer 1%, no ano que vem, e 1,2% no ano a seguir. É um desempenho fraco, ficando longe dos 6,7% esperados este ano. Mas, segundo Álvaro Santos Pereira, ex-ministro e economista chefe da OCDE, é preciso suavizar a queda: “No fundo, estamos a falar de um crescimento de juros muito acima do que é normal, para efeitos estatísticos e também pela repressão do turismo. O que importa é o que nós vamos, em relação a outros países, crescer. Estamos a falar de crescimentos baixos. Mas estamos a falar também em crescimentos que estão acima da média europeia.”
A inflação continua a aumentar muito, sendo que neste ano, a OCDE calcula que esta seja de 8,3%. Desce um pouco, para 6,6%, em 2023. É uma diferença grande do olhar do governo que não considera que fique acima dos 4%.
A OCDE diz que até vai haver um aumento dos salários, mas que não vai chegar para enfrentar o aumento brutal do custo de vida. Este é provocado pela tabela de preços dos bens alimentares, pela fatura da energia e pela subida das taxas de juro, sendo que o BCE pondera mais um aumento destas em breve.
“Os bancos centrais vão continuar a fazer o que é preciso fazer […] o nosso poder de compra baixa por causa da inflação. Nós sabemos que temos de controlá-la.”
O economista fala de desafios e riscos imprevisíveis a nível global. Considera que, em virtude da guerra na Ucrânia e da consequente maior crise energética dos últimos cinquenta anos, as perspetivas económicas são muito difíceis. A OCDE defende, portanto, uma política orçamental prudente.
Diogo Martins, 19 anos, natural de Leiria, estuda Filosofia, Política e Economia, na Faculdade de Ciências Humanas, na UCP. Membro da associação de estudantes, o seu desejo de conhecer mais sobre o mundo económico e financeiro, bem como a vontade de aumentar a literacia destas áreas, em Portugal, levou-o a aceitar o desafio de se tornar embaixador da MeuCapital, em maio de 2022.