O último suspiro da Bitcoin. Ou será do dólar?

Queria deixar uma nota prévia que serve de chamada de atenção para o leitor, para que cultive sempre um espírito crítico face a tudo o que lhe é apresentado. Do mesmo modo, quem fala  sobre Bitcoin e criptomoedas publicamente, expondo as suas opiniões de forma livre, deve ter sempre em consideração que o que diz (ou escreve) pode ter impacto nas pessoas que têm acesso a essa opinião. 

O dólar, a Bitcoin e a história do dinheiro

Para se falar com propriedade sobre Bitcoin deve-se, primeiramente, estudá-la e conhecê-la.  Este é o ponto de partida para se entender a Bitcoin. E mais, é essencial conhecer a história do dinheiro.

Ora, tal como já demonstrei num dos conteúdos do meu canal (que podes ver aqui) todas as moedas fiat na história da humanidade foram a “zeros”, literalmente. E isso deve-se, de maneira muito resumida, à desvalorização da moeda (debasement) a par da impressão  desmesurada de dinheiro. Assim, hoje vemos de forma muito clara que o império e a  hegemonia do dólar estão a acabar. Infelizmente, a maioria das pessoas não está alerta para tal facto, e, em Portugal de forma ainda mais acentuada, dado que somos um dos piores países no ranking da literacia financeira! Parece, digo eu, que há um interesse em manter as massas distraídas e  na ignorância. Pior ainda, são lançados nos media clickbait e desinformação. No meio de tantas meias-verdades, hoje, neste artigo de opinião, venho trazer a minha verdade sobre os factos, a visão de alguém pró-cripto, mas que não fala só daquilo que lhe convém omitindo as outras partes.

O valor intrínseco de Bitcoin

O dólar, em particular, e as moedas fiduciárias em geral, estão em clara decadência e “a dar o último suspiro”. Vejamos a hiperinflação na Venezuela e no Líbano, só para citar dois  exemplos. A Bitcoin, por sua vez, mantém e reforça o seu valor. Esta criptomoeda tem, efetivamente, valor  intrínseco, por vários motivos, sendo um dos mais importantes o facto de ser escassa e finita, pois só  existirão 21 milhões (no máximo). Podemos ainda acrescentar outras características essenciais: a Bitcoin é meio de troca, unidade de conta, portável, durável, divisível, fungível. Afirma-se ainda como censorship resistance e não tem cor política nem bandeira. É por  isso que, no presente conflito armado, foi e pode ser usada por qualquer uma das partes. Bitcoin é, de facto, universal.

Por fim, podemos ainda dizer que Bitcoin pode, no futuro, tornar-se uma moeda  para sistema de pagamentos com a lightning network e que, atualmente, é uma verdadeira  reserva de valor. E vocês perguntam-se: “Mas como se há tanta volatilidade?”. Sim, mesmo com a volatilidade. Deixo-vos um simples desafio: o que podiam comprar com 1000 Bitcoins há 14 anos atrás (quando foi criada) e hoje? Agora façam o mesmo exercício com 1000 dólares, euros ou qualquer outra moeda fiduciária! Espero que tenham chegado à mesma conclusão que eu: Bitcoin é, de  facto, reserva de valor. 

A narrativa da poluição

Para se minerar Bitcoin tem que haver gasto de energia computacional, logo há poluição. Sim, é poluente, mas vamos agora falar verdadeiramente: toda a verdade, e não apenas uma parte. Vamos informar com todos os dados para que as pessoas decidam em consciência, não apenas com argumentos tendenciosos! 

Segundo o documento “Bitcoin net zero“, de Setembro de 2021, “o consumo absoluto de energia da Bitcoin e as suas emissões de carbono não são significativas em termos globais, representando 0,4% do consumo global de energia primária, 0,2% da geração de energia global e 0,1% das emissões globais de carbono”. Não me vou alongar nos dados  estatísticos; vou referir outros aspetos relevantes, e um deles é o facto de que a mineração de  Bitcoin está cada vez mais “verde”. Hoje em dia, a percentagem de mineração com  recurso a energias renováveis é cada vez maior e, para citar apenas um exemplo, dou o caso de El Salvador, o primeiro País do mundo a adotar Bitcoin como legal tender, que recorre à energia dos vulcões para o processo de mineração

Poderia falar aqui da relação entre os humanos e energia, onde a história da civilização  mostra que muito do progresso, da diminuição da pobreza e do aumento da qualidade de  vida foram feitos à custa de processos com gastos de energia. Ou seja, inúmeras inovações  tecnológicas surgem e consomem uma imensa quantidade de energia, mas esse custo é  legitimado pelas pessoas dada a sua utilidade social. Tal como o transporte aéreo ou o ar condicionado (ver gráfico abaixo) aumentam substancialmente a nossa qualidade de vida ao mesmo tempo que consomem quantidades enormes de energia (logo, causando  também poluição), também a Bitcoin acrescenta valor e progresso à sociedade ao mesmo tempo que consome energia. Aliás, o próprio sistema financeiro tradicional, muito mais ineficiente em muitos aspetos, consome a sua quota de energia.

Fonte: Bitcoin Net Zero (página 38)

Tenho pena de não conseguir expressar num só artigo tudo o podemos argumentar a favor  da Bitcoin mas, pelo menos, fico feliz por esclarecer estes pontos essenciais.

Quantas vezes já morreu Bitcoin?!

Nestas alturas de bearmarket existe sempre ceticismo, catedráticos, estudiosos,  leigos. Enfim, um pouco de tudo e de todos, sendo que muitos comentam que a Bitcoin é um esquema, uma bolha gigante que finalmente rebentou e, quiçá, está a dar o “último suspiro artificialmente induzido antes da irrelevância” como afirmaram recentemente dois responsáveis do Banco Central  Europeu (BCE) neste artigo.

Segundo este obituário, o fim da Bitcoin já foi anunciado 467 vezes. Ora, para todos aqueles que agora aparecem a apresentar Bitcoin como extinta, a resposta é simples: só o tempo dirá! Aquilo que posso argumentar é que, de facto, os sinais de adopção são tantos e tão evidentes, em Portugal e no mundo, que falar de uma morte anunciada é ignorar a realidade de que as criptomoedas e a tecnologia blockchain vieram para ficar e a regulamentação, nomeadamente em Portugal, é o início de uma adopção em massa (ao contrário daquilo que querem dar a entender os  responsáveis do BCE no referido artigo). 

Já agora, sabiam que já podem comprar uma casa em Portugal com Bitcoin?

O discurso civilizado exige pensamento crítico, autorreflexividade, análise sóbria.

Daniel Lubetzky

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