Há mais de um ano que vivenciamos um período económico e social atípico, devido à pandemia do Covid 19. Todos nós começámos a permanecer mais tempo em casa, não só à conta dos confinamentos obrigatórios decretados pelo Governo, como também pelo medo de ajudar à propagação do vírus.
Devido à maior presença nas nossas habitações, passamos mais tempo a usufruir da internet e, consequentemente, dos serviços a que lhe são adjacentes. Mais tempo gasto por nós online significa um maior retorno para as empresas ligadas ao mundo digital. Trata-se de uma correlação óbvia.
O exemplo mais notório de organizações que mais lucraram com a pandemia são as ligadas às plataformas de streaming, como a Netflix ou o Spotify. Não só aumentaram os seus ganhos, como o valor das suas ações em circulação subiram a pique.
Neste gráfico podemos observar a cotação da ação Spotify ($SPOT), no período temporal de 2020 até hoje. Neste breve espaço de um ano, o valor das ações da empresa sediada em Estocolmo subiu de 122 pontos para 280, ou seja, deu-se um acréscimo de cerca de 130%. Em termos práticos, se tivesse investido 1000 euros teria neste momento um montante de 2300 euros em ações da Spotify.
Neste gráfico temos presente a cotação da ação Netflix ($NFLX), também no espaço temporal de 2020 até hoje. Tal como a sucedânea musical, o serviço de streaming, viu o valor das suas ações subir de 298 pontos para 553. Podemos, portanto, constatar uma subida superior a 85% do valor da ação. Em termos práticos, se tivesse investido 1000 euros teria um retorno positivo de 850 euros em apenas 12 meses.
Poderíamos continuar a analisar gráficos do valor das ações correspondentes às empresas ligadas ao mundo digital, durante o período da pandemia, que chegaríamos à mesma conclusão para a maioria das mesmas. Todas viram o valor das suas ações a crescer a ritmos estonteantes.
Como para tudo neste universo existe um ciclo, e os mercados financeiros não são excepção. Especialistas acreditam que as ações destas companhias irão desvalorizar.
A famosa analista de mercados financeiros, Laura Martin, prevê que, com a vacinação a decorrer neste momento a nível mundial, podemos vir a evidenciar, efectivamente, esta tendência num futuro bastante próximo. Além disso, acrescenta ainda que, no processo de desconfinamento, outros mercados irão emergir, como, por exemplo, os desportos, as animações ao vivo, entre outros.
Será um grande desafio por parte destas empresas para conseguirem manter os lucros e, consequentemente, o valor das suas ações em circulação em alta no pós-pandemia. O mais sensato, neste momento, poderá ser esperar e apostar na possível tendência bearish das ações ligadas ao mundo digital através de short selling.
Autor: Rodrigo Melo
