Bill Gates está otimista em relação a 2022. Mas o bilionário cofundador da Microsoft ($MSFT) ainda tem algumas preocupações a avançar para o próximo ano.
No seu blog “GatesNotes”, foi feita uma publicação de final de ano intitulada “Razões para ter otimismo após um ano difícil”. Na mesma, Gates faz múltiplos prognósticos confiantes – desde a pandemia até à ascensão do conceito de metaverso que se aproxima.
Entre todos os problemas, Bill considera que “a desconfiança das pessoas nos governos” é uma das questões mais preocupantes para lidar em 2022. As instituições públicas, observou Gates, precisam de peças importantes na abordagem às alterações climáticas ou na prevenção da próxima pandemia.
“Se o povo não confiar no governo, não vai apoiar novas iniciativas importantes (…) e quando surgir uma grande crise, é menos provável que sigam as orientações necessárias para resistir à tempestade”, escreveu.
Tal desconfiança tornou-se particularmente evidente desde os lockdowns pandémicos: a desinformação da população tem-se espalhado tanto pelos EUA como pelo resto do mundo, dificultando as taxas de vacinação do país e, em última análise, atrasando o fim da pandemia. Mas a investigação do Pew Research Center da época pré-Covid mostrou tendências semelhantes: Numa sondagem de 2019, 75% dos inquiridos (na sua grande maioria, estadunidenses) afirmaram que a confiança dos seus concidadãos no governo federal estava a diminuir.
Outros 64% dos inquiridos disseram que a desconfiança noutros cidadãos também estava a aumentar. E cerca de quatro em cada dez inquiridos considera que a desconfiança aumenta o consenso em questões como cuidados de saúde, imigração e violência armada.
Ainda na publicação, Gates considera que os ciclos noticiosos de 24 horas, manchetes politicamente incentivadas e meios de comunicação social desempenharam um papel na “divisão crescente” – e que os governos podem precisar de regular plataformas em linha para dissipar eficazmente a desinformação.
Já é um foco para alguns legisladores de Washington D.C. Em Outubro, a antiga engenheira do Facebook, Frances Haugen, foi testemunha numa comissão do Senado perante o tema da “crise” de desinformação da empresa, um potencial passo inicial para a regulamentação das plataformas de meios de comunicação social.
Gates expressou a preocupação de que, sem uma intervenção rápida, os americanos possam ter mais probabilidades de eleger políticos que encorajem a desconfiança. O efeito de bola de neve poderá então fazer com que o público “fique ainda mais desiludido” com a situação, criando um ciclo vicioso.
É um problema complicado de resolver – e até Gates disse que não tem a certeza de como proceder. “É normalmente aqui (blog) que eu exporia as minhas ideias sobre como resolver o problema. A verdade é que eu não tenho as respostas”, escreveu ele. “Tenciono continuar a procurar e a ler as ideias dos outros, especialmente dos jovens”. Tenho esperança que as gerações que cresceram online tenham novas ideias sobre como resolver um problema tão profundamente enraizado na Internet”.
Autor: Pedro Mirão