O que o relatório de contas nos diz sobre a estratégia futura da Tesla

A Tesla ($TSLA) apresentou esta semana o seu relatório de contas, relativo ao primeiro trimestre de 2021, no qual se destaca um recorde de vendas e um resultado líquido de 438 milhões de dólares. No entanto, para além da apresentação de dados financeiros, este relatório também apresenta algumas especificidades da atividade operacional e da estratégia futura da empresa.  

Elon Musk e o CFO Zachary Kirkhorn assumem que a Tesla apresenta alguns problemas na sua cadeia logística e que “existem mais desafios do que esperávamos”. Deste modo, a empresa explica ainda que, apesar do lançamento do novo Model S Plaid estar previsto para Fevereiro, este foi adiado para Maio, e que o novo Model X deve ser lançado no terceiro trimestre, sendo que a empresa pretende atingir um ritmo de produção de 2000 destes modelos por semana. 

Estas referidas dificuldades podem ser explicadas analisando o crescimento do número de vendas e da capacidade de produção. Enquanto as vendas da Tesla têm vindo a aumentar mais de 100% ano após ano, os seus centros de serviço físicos e online apenas cresceram 28% e 22%, respetivamente. Ou seja, a expansão dos seus serviços não está a acompanhar a evolução do volume de vendas. Tal pode ser a causa para que tantos clientes tenham de esperar por longos períodos para ter acesso a reparações. 

Quanto ao setor da energia, as vendas da empresa duplicaram em relação ao mesmo trimestre do ano passado, mas reduziram de 787 milhões de dólares para 595 milhões, quando comparadas com o último trimestre de 2020. Recentemente, a Tesla aumentou o preço dos seus painéis solares em 50% e exige que esta aquisição seja complementada com a encomenda de uma Powerwall, o seu sistema de armazenamento de energia caseiro. Musk afirma que tem por objetivo que estes painéis solares e baterias funcionem como um enorme sistema de distribuição de energia, que permita um armazenamento para suprimir não só necessidades quotidianas, como também para fenómenos meteorológicos intensos. 

Ainda neste âmbito, é referida a possível incorporação de uma bateria tabless, que permitirá uma melhoria no poder do carro e uma significativa redução de custos, podendo, futuramente, colocar o preço dos veículos elétricos ao mesmo preço dos movidos a gasolina/gasóleo. Estas baterias, chamadas pela Tesla de 4860 cells, já estão a ser produzidas em Fremont, na Califórnia, mas Musk afirma que ainda não têm fiabilidade suficiente para serem já implementadas, pelo que demorará entre “12 e 18 meses”. 

Ainda neste relatório de contas, a Tesla afirma ter ultrapassado a escassez de chips que tem afetado a indústria automobilística, por “nos estarmos a virar rapidamente para microcontroladores, enquanto, simultaneamente, desenvolvemos firmware para novos chips produzidos por novos fornecedores”. Musk também reiterou que acredita que o caminho a seguir para veículos autónomos são as câmaras e não os radares, porque o seu software de AI tem sido crescentemente dependente de câmaras, tornando os radares obsoletos bem mais rápido do que o previsto. 

Deste modo, é possível concluir, deste relatório, que, apesar dos resultados financeiros excecionais, a Tesla apresenta alguns problemas de logística, não deixando, no entanto, de se assumir constantemente como empresa pioneira no desenvolvimento de novas tecnologias. 

Autor: João Rodrigues

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